Um dos maiores pianistas e historiadores da música do século 20, o norte-americano Charles Rosen morreu no dia 9 de dezembro, no Hospital Monte Sinai de Nova Iorque, de câncer, aos 85 anos. Visto como um homem da Renascença, Rosen é autor de livros de referência na área, como "O Estilo Clássico" (1971) e "A Forma Sonata" (1980), de certo modo uma continuação do primeiro por analisar essa forma musical típica da era clássica.
O último livro publicado por Rosen, "Freedom and the Arts" (Harvard University Press, R$ 121,50), lançado em abril do ano passado nos EUA, traz uma coletânea de ensaios seus sobre música e literatura - ele era doutor em literatura francesa pela Universidade de Princeton.
A estreia de Rosen em Nova Iorque como pianista, em 1951, foi seguida pela gravação completa dos Estudos de Debussy, abrindo as principais salas de concerto da Europa para o norte-americano. Alguns dos mais renomados compositores do século 20, entre eles Stravinski e Pierre Boulez, escreveram peças especialmente para serem gravadas por Rosen, que ajudou a promover a obra pianística do compositor norte-americano Elliott Carter, morto no mês passado. É dele a primeira gravação do "Concerto Duplo" (1959) do músico.
A importância de Rosen é medida até mesmo pelo esforço que fez para entender a modernidade musical - ele que, aos 7 anos, ouviu Debussy pela primeira vez e detestou, dizendo que era preciso ter uma lei para proibir peças musicais como a do compositor impressionista francês, que gravaria quando adulto. Rosen começou a aprender piano ainda garoto e foi aluno de Moritz Rosenthal, nascido em 1862, que chegou a ter aulas com Liszt.
Nascido em Nova Iorque em 5 de maio de 1927, Rosen recebeu neste ano do presidente Barack Obama a medalha National Humanities por sua contribuição cultural. Erudito, ele detestava competições e dizia que arte não é uma questão de gosto, mas de entendimento - lembrando que também Beethoven sofreu a incompreensão de seus contemporâneos, como Igor Stravinski e Pierre Boulez sofreriam no século 20. Beethoven, aliás, é um dos três autores analisados por Rosen em "O Estilo Clássico". Dele, o musicólogo estuda as sonatas para piano, elegendo ainda Haydn (os quartetos de cordas) e Mozart (as óperas cômicas).
As últimas sonatas para piano de Beethoven foram gravadas por Rosen, que também registrou obras-primas do repertório barroco, destacando-se "A Arte da Fuga" e as "Variações Goldberg", de Bach, além de peças de Schumann. Sobre a época do último, ele escreveu "A Geração Romântica", lançado pela Edusp há dez anos e esgotado, que cobre da morte de Beethoven à de Chopin, e ainda um livro fundamental que analisa a produção literária do período "Poetas Românticos, Críticos e Outros Loucos" (Ateliê Editorial 280 págs., R$ 48).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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