Uma nova geração de poetas começa a ganhar espaço na cena
literária brasileira. São escritores e escritoras que surgiram na
virada dos anos 2000 e tentam construir sua história depois de um
século de grandes feitos poéticos, de autores incontornáveis, como
Carlos Drummond de
Andrade, Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, João Cabral de Melo
Neto e Cecília Meireles. “Quem ainda pode sonhar com esse time
impecável?”, pergunta o escritor e crítico José Castello logo no
início do ensaio que é destaque da primeira edição de 2019 do
Cândido.
“A poesia do
século XXI brasileiro se fragmenta como um objeto depois de uma
grande explosão. Há rastros por todos os lados, pegadas sujas,
multiplicidade de sentidos, e não adianta tentar costurá-los porque
eles não se encaixam, nem se interessam pela exatidão.”
Castello
contextualiza a chegada da nova geração com escritores que pegaram
o bastão do esquadrão modernista. Poetas como Chacal, Paulo
Henriques Britto e Alberto Martins, que “fazem a ponte entre os
dois séculos”. E então o crítico chega ao agora, analisando a
produção de Angélica Freitas, Fabricio Corsaleti, Fabiano Calixto,
Annita Costa Malufe, Marilia Garcia e Ana Martins Marques, o
principal nome dessa geração, segundo Castello.
Outros conteúdos
A literatura
brasileira contemporânea segue pautando o Cândido
de
número 90. O
romancista Michel Laub reflete sobre as oficinas de criação
literária na coluna Pensata. A partir de sua experiência pessoal,
ele levanta
questões que considera importantes para alunos e professores em
cursos de escrita criativa.
Já João Silvério Trevisan faz uma retrospectiva de
sua obra. O veterano autor, um dos nomes mais importantes da
literatura brasileira hoje, fechou a temporada 2018 do projeto Um
Escritor na Biblioteca e comentou detalhes de seus principais livros,
como o romance Ana em Veneza e o ensaio Devassos no
paraísos.
A edição também destaca os três vencedores da edição
2018 do Prêmio Paraná de Literatura: Daniel Arelli (Poesia, com
Lição da matéria), Raimundo Neto (Contos, com Todo esse
amor que inventamos para nós) e Lourenço Cazarré (Romance, com
Kzar Alexander, O louco de Pelotas). Eles falam sobre suas
obras e têm fragmentos de seus livros publicados.
O Cândido
traz uma seleta de textos de cinco poetas húngaros ainda inéditos
em português, além de poemas de Ana Martins Marques e Luís
Pimentel. A ilustração da capa é do artista Visca.
Serviço
O Cândido
tem tiragem mensal de 3 mil
exemplares e é distribuído gratuitamente na Biblioteca Pública do
Paraná e em diversos pontos de cultura de Curitiba. O jornal também
circula em todas as bibliotecas públicas e escolas de ensino médio
do Estado. É enviado, pelo correio, para assinantes a diversas
partes do Brasil.