Morreu aos 99 anos, em São Paulo, Ernesto Paulelli, que serviu como personagem para a canção "Samba do Arnesto", composta por Adoniran Barbosa e lançada em 1953.
Morador da Mooca, Ernesto tinha 99 anos e morreu de causas naturais, segundo informou sua filha Valéria Paulelli.
Ernesto era violonista e, no final da década de 30, chegou a tocar na rádio Bandeirantes durante um ano. Foi a convite da cantora e amiga Nhá Zefa que ele se apresentou junto a ela na Record - período em que conheceu Adoniran.
Tendo corrigido o sambista dizendo que seu nome correto era Ernesto e não Arnesto, como Barbosa o havia chamado, plantou sem querer a ideia de uma canção na cabeça de Adoniran, que no momento brincou que comporia uma música com base naquela conversa.
Antes do encontro, Adoniran Barbosa havia apenas lançado seu primeiro disco de 78 rotações, "Agora Podes Chorar" (1936), e fazia pouco sucesso. A canção "Samba do Arnesto" veio a ser lançada quase duas décadas mais tarde.
Segundo contou em entrevista à revista "Brasileiros" em 2008, Ernesto se emocionou e chorou abraçado à mulher, Alice, ao ouvir pela primeira vez a música feita em sua homenagem , em 1955, transmitida pela Rádio Bandeirantes.
O reencontro com Adoniran só viria dois anos mais tarde, em uma gravação na TV Record, em que o compositor pediu a opinião de seu "muso" e disse que eles seriam compadres a partir daquele momento.
Antes de se dedicar à música, Ernesto chegou a trabalhar como engraxate, auxiliando seu pai que era sapateiro. Até 1922, morou no bairro do Brás, tendo se mudado posteriormente para a Mooca. Virou vendedor de chuchu e trabalhou no jogo do bicho. Tocou violão em diversas cantinas de São Paulo.
Aos 60 anos se formou em Direito e trabalhou na área Civil durante três décadas. Era pai de cinco filhos, Vanda, José Carlos, Vicente, Valéria e José (deles, apenas Vicente e Valéria estão vivos).
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