Vítima de falência múltipla dos órgãos, faleceu na tarde deste domingo (9), em Manaus, o poeta Luiz Bacelar.
O escritor, que completou 84 anos na última terça-feira, havia sido diagnosticado com câncer no pulmão.
Bacellar foi um dos escritores mais significativos da literatura amazonense. Nascido em Manaus, em 4 de setembro de 1928, o poeta viveu sua infância em uma época marcada pela crise econômica que se seguiu após o fim do "ciclo da borracha".
Sua obra contempla elementos de forte componente erudito, ao mesmo tempo em que retrata temas e motivos da cultura popular e do folclore.
Bacellar se consagrou como um dos principais escritores amazonenses. Ele ficou conhecido por popularizar o haicai, estilo de versos curtos de origem oriental, na literatura amazonense. Ele também participou do grupo que fundou o Clube da Madrugada, principal associação literária amazonense, em 1954, e era membro da Academia Amazonense de Letras.
O amazonense é autor de obras como 'Quarteto', 'Sol de Feira', e 'Frauta de Barro', com a qual venceu o Prêmio Olavo Bilac, da Prefeitura do Rio de Janeiro, em 1959.
Haicais
Relâmpago.
Trovão, vento, chuvisco.
A saída da lua.
Da flor o orvalho
nas pétalas: tua face
depois que choraste.
O mar está bravo.
Bate, e enfurecido,
canta nos rochedos.
Kimonos ao sol.
Agitou-se a manga
do menino morto.
(O poeta)
Sempre perseguido
o grilo fica tranqüilo
cantando escondido.
(poema extraído do livro "Sol de Feira", 1973)
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