quinta-feira, 8 de março de 2012

VILLA LOBOS, 125 ANOS: O SUCESSO DAS BACHIANAS BRASILEIRAS 5



Finalizamos a comemoração dos 125 anos de Heitor Villa Lobos (1887-1959) com a abordagem das famosas Bachianas Brasileiras nº5, cantada e admirada em todo o mundo.

Bachianas 05
Escritas entre 1938/45
Em 02 movimentos: “Cantilena” com texto de Ruth Valadares Correa e estreada em 1939
Martelo com texto de Manoel Bandeira.

Cantilena
Escrita inicialmente para voz e orquestra de violoncellos (04 estantes de vcellos, servindo como soprano, contralto, tenor e baixo), causou polêmica por causa do termo “orquestra de vcellos” (como a Bachiana 01) e é a peça do conjunto que conquista pela beleza e expressividade da melodia.

Na verdade, os vcellos, em pizzicato, e trabalhando por terças como na música caipira fazem uma alusão ao violão brasileiro; enquanto que a melodia é reminiscência de J.S.Bach (vôos largos, baixos descendentes por graus conjuntos). É a síntese que Villa Lobos pretende com o conjunto da obra bachiana.

A ária é um adágio, 5/4, em lá menor, que se inicia com uma marcha descendente de baixo. Quando a melodia entra, o acompanhamento torna-se um bordão rítmico expressivo de chorinho. Temos aqui uma mescla de choro-música caipira e a presença de Bach.

Em outro andamento (Grandioso) se inicia a melodia sob versos de Ruth Correia. Esta parte não tem nenhuma movimentação, a não ser para sublinhar o canto (em virtude da própria palavra) ou para mudar a harmonia. A inventividade do compositor subverte os valores: a introdução, que normalmente é mera abertura para a obra, torna-se aqui o centro de interesse melódico e expressivo. A parte cantada, no entanto, causa surpresa pela estática e sugere o retorno da melodia tradicional.

Martelo-A dança
Martelo é um tipo de composição poética dos cantadores populares nordestinos que lembra o desafio na poesia e a catira no ritmo.
Os versos de Manoel Bandeira seguem a tradição mais corrente do cancioneiro nordestino: versos com 07 sílabas.

O andamento é allegreto, em 2/4. A introdução com a nota mi repetida diversas vezes na mesma figura rítmica como a batida de um martelo. A primeira melodia de fato, da peça, lembra a embolada nordestina e é um trecho de grande dificuldade para a voz.
O trecho lento evoca a mata e o pássaro brasileiro, numa emotividade sem fim e constitui o ponto alto da obra. No entanto, toda a expressividade da “dança” lembra as partes mais rápidas das suítes de Bach.

Bibliografia :
O pensamento vivo de H.Villa Lobos - Editora Martin Claret
Villa Lobos em passo de quarteto - Revista do CD , set/91
Villa Lobos e o modernismo na música brasileira - Bruno Kiefer, Editora Movimento
Filme ”Villa Lobos, uma vida de paixão ” de Zelito Vianna ( 2000 )


Aldo Moraes/compositor
composermoraes@hotmail.com

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