Assim como a maioria da sociedade brasileira, recebemos com
indignação e perplexidade a afirmação do técnico da seleção brasileira,
Dunga, durante entrevista coletiva na última sexta-feira (26): "Eu até
acho que sou afrodescendente, de tanto que apanhei e gosto de apanhar". A
frase preconceituosa, que pode ser enquadrada no crime de injúria e
racismo, ofendeu não apenas um indivíduo, mas 51% da população
brasileira, que é composta de negros, número expressivo também no corpo
de atletas da seleção brasileira.
Uma das
finalidades e missão da Fundação Cultural Palmares é promover e
preservar os valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da
influência africana e negra na formação da sociedade brasileira. E
difundir a memória dos nossos ancestrais que foram arrancados da África,
forçados a esquecer suas origens e identidades, jogados em navios
negreiros, durante 500 anos, e usados como moeda de troca por uma
sociedade economicamente escravocrata.
Repudiamos veementemente tal atitude de Dunga, que, mesmo 127 anos após a
abolição, não conseguiu se libertar dos resquícios da escravidão e dos
preconceitos que não nascem com as pessoas, mas são aprendidos na
infância e em posturas como a dele.
Para isso,
devemos construir uma nova narrativa por meio da implementação da Lei
10.639/03, que torna obrigatório, nas redes pública e particular, o
ensino sobre História da África e da Cultura Afro-Brasileira.
Esperamos que sejam tomadas as medidas cabíveis no rigor da legislação
vigente, para que a atitude como a do técnico da seleção não sirva de
exemplo para um time de jovens negros e das periferias do Brasil,
futuros craques de uma seleção.
Fundação Cultural Palmares
Ministério da Cultura
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