terça-feira, 30 de junho de 2015

FUNDAÇÃO PALMARES: NOTA DE DESAGRAVO

Assim como a maioria da sociedade brasileira, recebemos com indignação e perplexidade a afirmação do técnico da seleção brasileira, Dunga, durante entrevista coletiva na última sexta-feira (26): "Eu até acho que sou afrodescendente, de tanto que apanhei e gosto de apanhar". A frase preconceituosa, que pode ser enquadrada no crime de injúria e racismo, ofendeu não apenas um indivíduo, mas 51% da população brasileira, que é composta de negros, número expressivo também no corpo de atletas da seleção brasileira.
 
Uma das finalidades e missão da Fundação Cultural Palmares é promover e preservar os valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência africana e negra na formação da sociedade brasileira. E difundir a memória dos nossos ancestrais que foram arrancados da África, forçados a esquecer suas origens e identidades, jogados em navios negreiros, durante 500 anos, e usados como moeda de troca por uma sociedade economicamente escravocrata.
 
Repudiamos veementemente tal atitude de Dunga, que, mesmo 127 anos após a abolição, não conseguiu se libertar dos resquícios da escravidão e dos preconceitos que não nascem com as pessoas, mas são aprendidos na infância e em posturas como a dele.
 
Para isso, devemos construir uma nova narrativa por meio da implementação da Lei 10.639/03, que torna obrigatório, nas redes pública e particular, o ensino sobre História da África e da Cultura Afro-Brasileira.
 
Esperamos que sejam tomadas as medidas cabíveis no rigor da legislação vigente, para que a atitude como a do técnico da seleção não sirva de exemplo para um time de jovens negros e das periferias do Brasil, futuros craques de uma seleção.
 
Fundação Cultural Palmares
Ministério da Cultura

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