Luiz Gonzaga Pinto da Gama
nasceu no dia 21 de junho de 1830, no estado da Bahia. Era filho de um
fidalgo português e de Luiza Mahin, negra livre que participou de
diversas insurreições de escravos.
Em
1840 foi vendido como escravo pelo pai para pagar uma dívida de jogo.
Transportado para o Rio de Janeiro, foi comprado pelo alferes Antônio Pereira Cardoso e passou por diversas cidades de São Paulo até ser levado ao município de Lorena.
Em 1847, quando tinha dezessete anos, Luiz Gama foi alfabetizado pelo estudante Antônio Rodrigues de Araújo, que havia se hospedado na fazenda de Antônio Pereira Cardoso. Aos dezoito anos fugiu para São Paulo.
Em 1848 alistou-se na Força Pública da Província ou Corpo de Força da Linha de São Paulo,
entidade na qual se graduou cabo e permaneceu até o ano de 1854 quando
deu baixa por um incidente que ele classificou como “suposta
insubordinação”, já que apenas se limitara a responder insulto de um
oficial.
Em 1850 casou-se e tentou freqüentar o Curso de Direito do Largo do São Francisco
– hoje denominada Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Por ser negro, enfrentou a hostilidade de professores e alunos, mas
persistiu como ouvinte das aulas. Não concluiu o curso, mas o
conhecimento adquirido permitiu que atuasse na defesa jurídica de negros
escravos
Na
década de 1860 destacou-se como jornalista e colaborador de diversos
periódicos progressistas. Projetou-se na literatura em função de seus
poemas, nos quais satirizava a aristocracia e os poderosos de seu tempo.
Hoje, é reconhecido como um dos grandes representantes da segunda
geração do romantismo brasileiro, mas na época enfrentou a oposição dos
acadêmicos conservadores..
Luiz Gama
foi um dos maiores líderes abolicionistas do Brasil. Sempre esteve
engajado nos movimentos contra a escravidão e a favor da liberdade dos
negros. Em 1869, fundou com Rui Barbosa o Jornal Radical Paulistano. Em 1880 foi líder da Mocidade Abolicionista e Republicana. Devido a sua luta a favor da libertação dos escravos era hostilizado pelo Partido Conservador e chegou a ser demitido do cargo de amanuense por motivos políticos.
Nos
Tribunais, usando de sua oratória impecável e seus conhecimentos
jurídicos, conseguiu libertar mais de 500 escravos, algumas estimativas
falam em 1000 escravos. As causas eram diversas, muitas envolviam negros
que podiam pagar cartas de alforria, mas eram impedidos pelos seus
senhores de serem libertos, ou que haviam entrado no território nacional
após a proibição do tráfico negreiro em 1850. Luiz Gama também ganhou notoriedade por defender que ao matar seu senhor, o escravo agia em legítima defesa.
Faleceu em 24 de agosto de 1882 e foi sepultado no Cemitério da Consolação, na presença de 3.000 pessoas numa São Paulo de 40.000 habitantes. O poeta Raul Pompéia (1863-1895) imortalizou Luiz Gama e seus feitos escrevendo na ocasião:
"
(...) não sei que grandeza admirava naquele advogado, a receber
constantemente em casa um mundo de gente faminta de liberdade, uns
escravos humildes, esfarrapados, implorando libertação, como quem pede
esmola; outros mostrando as mãos inflamadas e sangrentas das pancadas
que lhes dera um bárbaro senhor; outros... inúmeros. E Luís Gama os
recebia a todos com a sua aspereza afável e atraente; e a todos
satisfazia, praticando as mas angélicas ações, por entre uma saraivada
de grossas pilhérias de velho sargento. Toda essa clientela miserável
saía satisfeita, levando este uma consolação, aquele uma promessa, outro
a liberdade, alguns um conselho fortificante. E Luís Gama fazia tudo:
libertava, consolava, dava conselhos, demandava, sacrificava-se, lutava,
exauria-se no próprio ardor, como uma candeia iluminando à custa da
própria vida as trevas do desespero daquele povo de infelizes, sem
auferir uma sobra de lucro...E, por essa filosofia, empenhava-se de
corpo e alma, fazia-se matar pelo bom...Pobre, muito pobre, deixava para
os outros tudo o que lhe vinha das mãos de algum cliente mais
abastado."
Fonte: www.institutoluizgama.org.br
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