Ele
era diferente. O colibri azulado gostava de ver como as famílias
viviam, como eram os seus lares. Sua liberdade podia levá-lo aonde
quisesse, principalmente, seu livre sentimento. Talvez chegasse às
casas, não como forma aleatória, mas como uma sábia escolha necessária.
E
aparecia com toda delicadeza, observava, às vezes, pela porta ou pelas
janelas. Constatava tanta diversidade entre os lares. Ele observou
famílias que se amavam e se respeitavam; famílias que não se davam
respeito nenhum; outras que se sentiam enclausuradas; muitas delas não
se importavam com nada; em algumas famílias, ele verificou a união por
meio da prece consoladora e que também várias delas nunca experimentaram
a paz de uma oração; em muitas outras havia a indiferença quanto a um
membro do lar – esquecendo-se de que todo grupo familiar é o adequado
para o próprio progresso ‒; ele viu mães chorosas e filhos acuados,
maridos estagnados no caminho e no tempo.
O
colibri azulado se sente bem quando em visita a um lar, percebe a busca
pela harmonia e, logo, segue viagem com seu olhar mais feliz. E tanto
se entristece com gritos e ofensas, ou violência variada que,
infelizmente, em muitos casos são comuns; ainda esses lugares não podem
ser chamados de lares.
Em
suas viagens, ele presenciou muitas situações inimagináveis. No
entanto, um único valor é decisivo em todas elas: o amor. Quando há essa
presença, o brilho benéfico invade os seres e o local; a compreensão, a
paciência, a tranquilidade, a tolerância e a gentileza se tornam
baluartes para vidas em paz para a evolução.
Porém,
quando essa maior energia está ausente, o choro, a dor, a inquietação e
a infelicidade são assíduos visitantes desses corações que,
incessantemente, buscam, com desespero, algo externo para amenizar o
infortúnio, e ainda mais se afundam na areia do sofrimento.
Esses
corações se esquecem de que a bonança segue o caminho de dentro para
fora e não o inverso, dado que cada um possui a centelha e se pode
conectar imediatamente ou perder a comunicação com a real essência da
soberania divina, de acordo com a vibração dos sentimentos.
E
esses lares podem ser tão melhores e mais felizes e com atitudes menos
dispendiosas que as ações contrárias ainda tanto realizadas, pois amar é
bem mais calmo e nobre que odiar; respeitar é mais sábio que o
desrespeito; tolerar é mais compreensivo que a intolerância; ouvir é
mais justo que o julgamento.
O
colibri azulado se rejubila com as bondosas conquistas porque essas
encaminham os corações para o progresso. E ele continua sua jornada de
observações com o desejo de, um dia, todos os lares serem envolvidos com
a energia do maior mandamento: o amor, como a força motriz para todas
as realizações.
Às
vezes, denominam-se anjos, protetores, colibris, porém, é da mesma luz
que brilham e estão bem pertinho para ajudar e proteger os familiares,
grupos que, por um determinado motivo, se reúnem para a realização do
propósito antes definido.
Que
a compreensão possa se dar entre esses pequenos núcleos, pois, a partir
disso, a grande família humana será mais respeitosa e amorosa com si
própria.
(Cínthia Cortegoso)
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