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domingo, 19 de maio de 2013
30 ANOS SEM A SÁBIA CLARA NUNES
Foi como um ritual que adquiri um álbum duplo recentemente e coloquei no aparelho de CD para ouvir...
E só podia ser mesmo com muita consideração, magia e respeito.
Mas com muita alegria também...
Um CD com os grandes momentos de Clara Nunes.
Era menino ainda quando a sabiá se foi e lembro-me que o Brasil parou, paralisou mesmo.
Clara era a luz que irradiava nas noites de domingo no Programa Fantástico com o samba tradicional escrito por gente do quilate de Ataulfo Alves, Paulo César Pinheiro, Mauro Diniz e Paulinho da Viola.
Seu sorriso aparecia na tela quase sempre com os pés descalços, vestidos brancos ou coloridos e a magia dos ritos afro-brasileiros.
Sua beleza, sua alegria pela vida e o prazer em cantar os sambas de chão, de terreiro e os sambas-canção se juntavam à beleza dos santos e orixás.
O samba de Clara Nunes é o samba do violão de 7 cordas fazendo a diferença, dos atabaques e da cuíca, samba que não se furta em falar das nossas raízes e de uma promessa de futuro melhor.
A maravilhosa cantora e a encantadora mulher preenchiam a tela da televisão e sua voz ecoando 30 anos depois de sua morte com uma alegria e beleza indescritíveis enchem o peito da gente de saudade.
Trinta anos depois, comprovamos que Clara Nunes é de um tempo em que o samba era a alma do povo sofrido, resistente e lutador que não se abatia e nem se deixava dominar por modismos culturais.
A obra que Clara deixou é mesmo um enorme e inspirador samba-enredo que faz do Brasil um sambódromo que nos arrasta, nós povo, das montanhas de Minas ao frio do Sul, dos morros cariocas ao sossego paradisíaco das praias da Bahia...
Mais do que há trinta anos atrás quando não sabíamos o que o destino iria aprontar com a música brasileira, mais do que naquele já longínquo 1983, hoje precisamos muito mais ainda da música e da beleza solar de Clara Nunes!
Aldo Moraes
Músico e Escritor
composermoraes@hotmail.com
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