Ruth Pinto de Souza (Rio de Janeiro RJ, 12 de maio de 1931). Atriz. Funda e integra o Teatro Experimental do Negro e participa dos elencos de Os Comediantes.
Ainda adolescente, entra para o Teatro Experimental do Negro - TEN, companhia de Abdias do Nascimento, onde atua no espetáculo de estreia, O Imperador Jones, de Eugene O'Neill, 1945. No ano seguinte, se apresenta em Todos os Filhos de Deus Têm Asas, novamente de O'Neill, e do Festival do Segundo Aniversário do TEN, que apresenta, entre outras peças, O Moleque Sonhador, de O'Neill. Em 1947, Ruth de Souza é convidada a participar de Terras do Sem Fim,
de Jorge Amado, realizada por Os Comediantes, com direção de Zigmunt
Turkov. A atriz interpreta a personagem Joana, a quem ela retorna anos
depois na versão cinematográfica do romance. Permanece no TEN enquanto
duram suas atividades, sempre interpretando as principais personagens
femininas. Em 1947, recebe o prêmio revelação pelo desempenho em O Filho Pródigo, de Lucio Cardoso, direção de Abdias do Nascimento.
Em 1959, é convidada a protagonizar, na Companhia Nydia Licia-Sergio Cardoso, Oração para uma Negra, de William Faulkner, e recebe os prêmios Saci e Governador do Estado de melhor atriz.
Na década de 1960, atua, entre outros, em Quarto de Despejo, adaptação de Edi Lima para o livro de Carolina de Jesus, com direção de Amir Haddad, 1961; em Vereda da Salvação, de Jorge Andrade, com direção de Antunes Filho, 1964; na montagem de Sergio Cardoso para Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC,
1965. Com bolsa da Fundação Rockfeller, estuda cinema em Cleveland, nos
Estados Unidos, onde trabalha como atriz e faz assistência de direção
de filmes.
De volta ao Brasil, começa a fazer seguidas
participações na televisão. No cinema, atua em cerca de 40 filmes e
recebe prêmios da crítica. Entre seus principais trabalhos destacam-se Terra Violenta, direção de Alberto Cavalcanti, baseado no roteiro de Graça Mello para Terras do Sem Fim, de Jorge Amado, 1948; Sinhá Moça, direção de Tom Payne, filme em que concorreu ao prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza em 1951; Assalto ao Trem Pagador, direção de Roberto Farias; Jubiabá, direção de Nelson Pereira dos Santos.
Em 1983, sob a direção de Luiz Carlos Maciel, protagoniza, mais uma vez, Réquiem para uma Negra, de William Faulkner.
O cronista Artur da Távola descreve sua personalidade
e seu estilo: "Consegue condensar no tipo físico, maneira de ser em
cena, falar, olhar, postar-se, as densidades e dores dos oprimidos. Se
na órbita pessoal é tímida, discreta, ser de nenhuma bulha, em cena
alardeia megatons de eletricidade, magnetismo e comoção inexplicáveis
[...]. O rosto é expressionista e doloroso; consegue, porém, as
iluminações da comédia, embora vocacionada para o sofrimento. A voz de
Ruth contrasta com o rosto intenso. É de melopéias; é suave, possui
timbre de pessoa equilibrada e doçuras de carícia. Voz para palavras de
consolação, traz calmas ancestrais, de quem sofreu antes; traduz não o
conformismo, porém a compreensão".
( TÁVOLA, Artur da. Ruth de Souza sacerdotisa da dramaturgia, O Globo, Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 1986.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário