O enterro de Mandela daqui algumas horas no povoado de Qunu, Pretória, na África do Sul encerra um dos mais importantes e simbólicos gestos do século XX.
Um século que viu duas sangrentas guerras mundiais; revolução sem paralelo nas artes e na tecnologia; ascenção e queda de governos ditatoriais, o surgimento do cinema e o reconhecimento da cidadania, da questão de gênero e da infância como vitais para a qualidade da vida humana.
Um século que valeu por mil anos e que apesar dos avanços e das lutas por um mundo melhor, conta nos dedos os homens que levaram até o fim o legado pacifista como instrumento de transformação da sociedade.
Mandela foi um destes homens.
E teve o privilégio de conhecer homens e mulheres tão profundos em sua prática e mensagem de paz como ele: Desmond Tutu, João Paulo II, Dalai Lama, Lady Diana e Madre Teresa de Calcutá.
Hoje, dia 16 de dezembro é uma data de reflexão.
E apesar da celebração que se faz pela trajetória deste sul africano excepcional, é também um dia triste. Fecha-se o pano e o século XX se encerra para o último grande líder político e humanista.
Este casamento entre a política e dedicação ao ser humano nem sempre é fácil. Mandela fará falta num mundo que se fechou para o diálogo, o convívio e a admiração mútua entre as pessoas. Mandela fará falta por que embora possa nos inspirar, sua presença física era o símbolo de uma trajetória moldada na perseverança e tolerância com seus opressores.
Mandela fará falta porque o mundo, este mundo em que vivemos hoje é um pouco mais egoísta, conservador e quadrado.
Mandela faria falta em qualquer época, mas no mundo de hoje a falta de homens com esta dimensão é insuportável.
Que seu exemplo nos estimule ao diálogo constante em todos os dias!
Aldo Moraes (composermoraes@hotmail.com)
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