Lá no início dos anos 80, Gonzaguinha gravou o Programa
Ensaio e contou que seu pai enxergou no pequeno trio sanfona/zabumba e
triângulo o som definido que precisava para conceber a estilização do que seria
o ritmo musical mais comentado nos anos 50 e que conquistaria gerações de
artistas; do rock a MPB; do choro ao erudito: o baião!
Câmara Cascudo em suas pesquisas informa que o baião
era dançado em festas nordestinas desde o século XIX originado de danças
indígenas e africanas. Mas a concepção moderna e enxuta do arranjo musical e as
letras com forte conteúdo regional foram marcas que Luiz Gonzaga, Humberto
Teixeira e Zé Dantas legaram ao Brasil desde a pioneira gravação de 1946. Assim
o baião, comemora 70 anos em 2016!
O
primeiro sucesso veio com a música homônima Baião (Luiz Gonzaga e Humberto
Teixeira) cuja letra diz: "Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o
baião / E quem quiser aprender / É favor prestar atenção e
"(…) o baião tem um quê / Que as outras danças não têm”.
De alguma forma, todo mundo se rendeu ao ritmo musical que chegou aos
anos 2000 com bandas elétricas e artistas com conhecimento sólido e dedicado a
história da nossa cultura. Mas completaram o time de grandes autores e
divulgadores essenciais: Sivuca, Carmélia Alves, João do Vale, Hermeto Paschoal
e Dominguinhos.
Por ser um ritmo de fácil assimilação e grande poder de variações, o
baião foi logo recebido no caldeirão antropológico do Tropicalismo, no rock
nacional e também na música de concerto. Raul Seixas inclusive denominou seu
trabalho de baioque: mistura de baião com rock!
Na música de concerto, Guerra Peixe, Ney Rosauro, Marlos Nobre, Aldo
Moraes, Radamés Gnatalli , Osvaldo Lacerda, Ronaldo Miranda e Tom Jobim
e na música instrumental Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal, Tiago Mayer/Leopoldo Nantes utilizaram-se do poder rítmico, melódico e expressivo do baião para a
construção de peças inteiras ou movimentos musicais.
Na MPB, há páginas de grande beleza como Baião da Penha
(Guio de Moraes/David Nasser); De onde vem o baião (Gil), Mulher Rendeira (Zé
do Norte), Delicado (baião-choro de Valdir Azevedo); A Obra (Ronilson Moura/Aldo Moraes) além de reinterpretações de
Chico César, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia para as
composições de Gonzagão.
O Baião tem um Rei: Luiz Gonzaga e agora completa 70
anos!
ALDO
MORAES/Músico
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