Interpretada pela soprano e atriz carioca Gabriela Geluda, a peça conta, em narrativa não linear e apoiada por recursos multimídia, as histórias de três personagens – La Loba, baseada em um conto mexicano; Medeia, da mitologia grega; e Diva, inspirada na imagem da diva na ópera, que inclui uma interpretação gravada de Fernanda Montenegro.
Uma quarta parte, eletroacústica e baseada no raga indiano, é tocada pelo oboísta Ricardo Rodrigues. São nove segmentos sem interrupção. A obra estreou em 2007 e já foi apresentada em Salzburgo (Áustria), Berlim (Alemanha), Campos do Jordão e Rio de Janeiro – cidade onde Jocy é radicada.
Passando de uma personagem à outra durante toda a peça, Gabriela usa técnicas vocais estendidas, toca instrumentos étnicos e muda de figurino em cena.
Os recursos eletrônicos têm sido uma tônica na obra de Jocy, que foi pioneira ao reformular a ópera com esse tipo de ferramenta. Desde os anos 1960 a compositora já trabalhava com eletroacústica analógica.
A compositora nasceu em Curitiba, em 1936, mas se mudou ainda criança. Seu pai e sua avó moraram na capital paranaense até o fim da vida, o que manteve os vínculos da musicista com a cidade.
Também pianista e escritora, a curitibana está prestes a lançar no Brasil seu novo livro, Diálogo com Cartas, que compila mais de 100 correspondências suas com grandes compositores contemporâneos que a regeram ou a dedicaram obras, como Stravinski, John Cage, Berio e Claudio Santoro, além de Messiaen e Stockhausen.
Nenhum comentário:
Postar um comentário