sexta-feira, 8 de março de 2013

ANTÔNIO CÍCERO

O poeta e filósofo Antonio Cícero concorre a vaga de Ledo Ivo na Academia Brasileira de Letras.

Cícero se destacaou como letrista da irmã Marina Lima e também por uma poesia forte e contemporânea que revela o ser em transição neste fim de século e milênio e o alvorecer de novos ideais e tecnologias.



GUARDAR

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.



Poeta e ensaísta, Antonio Cicero é autor, entre outras coisas, dos livros de ensaios filosóficos O mundo desde o fim (Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995) e Finalidades sem fim (São Paulo: Companhia das Letras, 2005), e dos livros de poemas Guardar (Rio de Janeiro: Record, 1996), A cidade e os livros (Rio de Janeiro: Record, 2002) e, em parceria com o artista plástico Luciano Figueiredo, O livro de sombras: pintura, cinema e poesia (Rio de Janeiro, + 2 Editora, 2010).

Em colaboração com o poeta Eucanaã Ferraz, editou a Nova antologia poética de Vinícius de Moraes (São Paulo: Companhia das Letras, 2003)e, em colaboração com o poeta Waly Salomão, editou o livro O relativismo enquanto visão do mundo (Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994). Além de várias teses e artigos, dois livros foram escritos sobre sua obra: Do princípio às criaturas, de Noemi Jaffe (São Paulo: Capes e USP, 2008) e Antonio Cicero, de Alberto Pucheu (Rio de Janeiro: UERJ, 2010).

De 1991 a 1992, Antonio Cicero coordenou, em colaboração com o poeta e professor de Filosofia da Universidade Federal Fluminense, Alex Varella, os cursos de Estética e Teoria das Artes do Galpão do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de janeiro.

Em 1993, concebeu o projeto intitulado “Banco Nacional de Idéias”, através do qual, nesse ano e nos dois anos subsequentes, promoveu, em colaboração com o poeta Waly Salomão e com o patrocínio do Banco Nacional, ciclos de conferências e discussões de artistas e intelectuais de importância mundial.

O primeiro ciclo, de 1993, intitulado “Enciclopédia da Virada do Século”, teve a participação dos poetas João Cabral de Melo Neto, John Ashbery e Joan Brossa, dos compositores Caetano Veloso e Arnaldo Antunes, do Romancista João Ubaldo Ribeiro, do antropólogo Hermano Viana, dos encenadores José Celso e Peter Sellars e do cineasta Arnaldo Jabor.

O segundo ciclo, de 1994, intitulado “O Relativismo Enquanto Visão do Mundo”, reuniu os pensadores Richard Rorty, Peter Sloterdijk, Ernest Gellner, Bento Prado Júnior, Emmanuel Carneiro Leão, Fernando Gabeira, José Arthur Giannotti, Luis Eduardo Soares, Luís Roberto Cardoso de Oliveira, Paulo Arantes e Renato Lessa.

O terceiro ciclo, de 1995, intitulado “Torre de Babel: Multiculturalismo, Transculturalismo e Sincretismo Cultural”, reuniu o linguista, crítico e historiador Tzvetan Todorov, os poetas Derek Walcott (Prêmio Nobel de Literatura), Hans Magnus Enzensberger, Haroldo de Campos e Régis Bonvicino, os antropólogos Darcy Ribeiro, Antônio Risério, Hermano Viana e Muniz Sodré, o jornalista Zuenir Ventura, o cineasta Cacá Diegues e o escritor Eric Nepomuceno.

Antonio Cicero tem participado, como palestrante, de vários ciclos de conferências organizados por Adauto Novaes e a Artepensamento. De suas palestras, foram publicadas as seguintes: “Hölderlin: O destino do homem” (in: Poetas que pensaram o mundo. NOVAES, A. (org.). São Paulo: Companhia das Letras, 2005); “A sedução relativa” (in: O silêncio dos intelectuais NOVAES, A. (org.). São Paulo: Companhia das Letras, 2006); “O ser humano e o pós-humano” (in: Mutações: a condição humana. NOVAES, A. (org.). São Paulo: Agir, 2009); e “”A razão niilista” (in: Mutações: a experiência do pensamento. NOVAES, A. (org.). São Paulo: SESC, 2010).

Em junho de 2007, apresentou em Lisboa a palestra “Da atualidade do conceito de civilização”, no encontro intitulado “O Estado do Mundo”, organizado pela Fundação Gulbenkian, publicada, em Portugal, no livro A urgência da teoria (Lisboa: Gulbenkian, 2007) e, na Inglaterra, traduzido por “On the concept of civilization”, no livro The urgency of theory (Manchester: Carcanet, 2007). Em novembro de 2008, pronunciou a palestra de encerramento do Congresso Internacional Fernando Pessoa, em Lisboa, publicada, com o título de “Fernando Pessoa: poesia e razão”, na revista Pessoa. Revista de ideias de dezembro de 2010.

Vários poemas seus fazem parte de importantes antologias, tanto no Brasil quanto em Portugal, na Espanha e no México, entre as quais Os cem melhores poemas brasileiros do século XX, organizada por Ítalo Moriconi (Rio de Janeiro: Objetiva, 2001). É também autor de inúmeras letras de canções, tendo parceiros como sua irmã Marina Lima, Adriana Calcanhotto e João Bosco, entre outros.

Mais sobre o poeta:

www2.uol.com.br/antoniocicero

www.pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_C%C3%ADcero

www.antoniocicero.blogspot.com

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