segunda-feira, 17 de outubro de 2011

POEMAS DO NOVO NOBEL




DOIS POEMAS DO NOBEL DE LITERATURA 2011, O SUECO TOMAS TRANSTRÖMER, poeta nascido em 1931 e praticamente desconhecido no Brasil.

O Casal

Apagam a luz e o globo branco brilha

um instante e, depois, dissolve-se, como um comprimido

num copo de escuridão. Depois, aumenta.

As paredes do hotel disparam para a escuridão do céu.

Os seus movimentos tornaram-se mais suaves e dormem,

mas os seus pensamentos mais secretos começam a encontrar-se

como duas cores que se encontram e escorrem juntas

sobre o papel molhado de uma pintura de um menino de escola.

Está escuro e silencioso. A cidade, contudo, aproximou-se esta noite.

Com as suas janelas desligadas. Vieram casas.

Mantêm-se juntas e muito perto, esperando,

uma multidão de gente de rostos brancos.

Tradução do inglês de Maria Catela

Depois de uma Morte

Uma vez foi um choque,

que deixou para trás uma longa e cintilante cauda de cometa.

Mantém-nos dentro de casa. Torna nevada a imagem da TV.

Aquieta-se em gotas frias sobre os fios de telefone.

Pode-se ainda ir de skis devagar sob o sol de inverno

através de arbustos onde algumas folhas se demoram.

Parecem páginas arrancadas de velhas listas telefônicas.

Nomes engolidos pelo frio.

É ainda maravilhoso sentir o coração a bater,

mas a sombra parece muitas vezes mais real que o corpo.

O samurai parece insignificante

por trás da armadura de escamas do dragão negro.

Tradução do inglês de Maria Catela

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