domingo, 12 de novembro de 2017

ÓPERA EM PARCERIA COM MAESTRO ITALIANO É NOVO PROJETO DE GILBERTO GIL

Vishnu, o deus de quatro braços protetor do universo no hinduísmo, pode vir ao mundo em diferentes formas: como humano, animal ou até uma combinação dos dois. Em 2018, ele aparecerá como Gilberto Gil.
O cantor baiano de 75 anos encarnará a divindade nos palcos em Negro Amor, ópera que compôs ao lado do maestro italiano Aldo Brizzi.

O espetáculo é baseado em O Gitagovinda de Jayadeva: Cantiga do Negro Amor, poema do século 12 de Jayadeva traduzido do sânscrito para o português pelo artista gráfico e um dos mentores da Tropicália, Rogério Duarte, morto em 2016. A obra narra a história de Krishna, o deus do amor, e da camponesa Rhada.

Caberá a Arnaldo Antunes uma das representações de Krishna e à cantora portuguesa Ana Moura, a de Rhada. O deus Vishnu, de Gil, será um dos narradores.

O projeto era um sonho antigo do hare krishna Duarte, criador, entre outras imagens clássicas, do pôster de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha.

"Em 2010, o Rogério me chamou um dia lá em Salvador e perguntou se eu poderia transformar em uma ópera o livro que ele tinha adaptado. Eu só respondi: você está maluco?!", lembra Brizzi, diretor do Núcleo de Ópera da Bahia.

A proposta "descabida" surgiu depois que Duarte pediu a alguns amigos, como Caetano Veloso e Gil, que transformassem em música algum dos poemas cheios de erotismo. Após ouvir a composição feita por Brizzi, que tinha um jeito operístico, Duarte pensou em algo mais ambicioso.

"Falei que era uma loucura, porque montar uma ópera é algo insano como fazer um filme, é um processo longo", diz Brizzi à BBC Brasil.

Um tempo depois, o maestro contou a ideia a Gil e perguntou se ele toparia ter um papel nessa ópera e mostrou o material que já havia composto. O cantor topou e passou a ir à casa de Brizzi em Salvador para trabalharem juntos. Começaram então a criar a ópera, que tem 45 canções – faltam apenas cinco a serem compostas.

"Essa ópera fala do amor em todos os graus possíveis, de paixão, erotismo, ciúme, solidão, raiva. Só que aqui o amor, a paixão, é de um ser humano por um deus. E o grande lance é que quando o deus se apaixona por ela, ela não quer mais ele. E esse deus fica desesperado. Então os elementos são mais sutis do que em uma história tradicional", adianta Brizzi.

Há alguns dias, no Barbican, em Londres, no show Prelúdio, em que Gil se apresenta com o Cortejo Afro sob regência de Brizzi, eles apresentaram pela primeira vez canções do espetáculo.

A ópera está prevista para estrear no Brasil no segundo semestre de 2018, no Theatro Municipal do Rio. Segundo Brizzi, 70 músicos farão parte do espetáculo e a ideia é que haja a participação das orquestras locais das cidades onde eles vão se apresentar. 

FONTE: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41926391

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