Morreu
na noite desta sexta-feira (1º), aos 93 anos, o maestro e compositor
Gilberto Mendes em Santos. Ele estava internado desde a véspera do
Natal na Unidade de Tratamento Intensivo (UIT) da Santa Casa de Santos
devido a problemas respiratórios. Sofria de asma e teve uma crise,
segundo o escritor Flávio Viegas Amoreira. Morreu às 18h40, por falência
múltipla de órgãos. Gilberto era casado há 40 anos e tinha três
filhos, um deles já falecido.
O corpo do compositor será velado a partir das 21
horas na Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, e cremado no mesmo
local, em horário a ser definido.
O
maestro e compositor Gilberto Ambrosio Garcia Mendes nasceu em Santos,
no dia 13 de outubro de 1922. Filho de Ana Garcia Mendes e Odorico
Mendes, se definia um homem de beira-mar, que gostava de caminhar pela
praia ao lado da esposa Eliane Ghigonetto.
Gilberto
fez o primário entre São Paulo e Santos. Iniciou seus estudos de música
aos 18 anos, no Conservatório Musical de Santos, com Savino de
Benedictis e Antonieta Rudge. Praticamente autodidata em composição,
compôs sob orientação de Cláudio Santoro e Olivier Toni, e freqüentou o
Ferienkurse fuer Neue Musik de Darmstadt, Alemanha, em 1962 e 1968.
Foi
um dos signatários do Manifesto Música Nova, publicado pela revista de
arte de vanguarda Invenção, de 1963. Foi porta-voz da poesia concreta
paulista, do grupo Noigandres. Como conseqüência dessa tomada de
posição, tornou-se um dos pioneiros no Brasil no campo da música
concreta, aleatória, serial integral, mixed média, experimentando ainda
novos grafismos, novos materiais sonoros e a incorporação da ação
musical à composição, com a criação do teatro musical, do happening.
Também
professor universitário, conferencista, colaborador das principais
revistas e jornais brasileiros. Gilberto Mendes foi fundador (1962) e
ainda o diretor artístico e programador do Festival Música Nova de
Santos, o mais antigo em seu gênero em toda a América. Como professor
convidado e composer in residence, deu aulas em The University of
Wisconsin-Milwauke, na qualidade de University Artist 78/79 e Tinker
Visiting Professor.
No
Brasil, recebeu, entre outros, o Prêmio Carlos Gomes, do Governo do
Estado de São Paulo, e também diversos prêmios da APCA, o I Prêmio
Santos Vivo, dado pela ONG de mesmo nome, pela sua obra "Santos Football
Music", além de ter sido indicado para o Primeiro Prêmio Multicultural
do jornal "O Estado de S. Paulo". Também recebeu a Bolsa Vitae, o prêmio
Sergio Mota hors concours 2003 e o título de "Cidadão Emérito" da
cidade de Santos, dado pela Câmara Municipal de Vereadores.
Em
cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, no ano de 2004, o autor
recebeu a insígnia e diploma de sua admissão na Ordem do Mérito
Cultural, na classe de comendador, do Ministério da Cultura, das mãos do
presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Ministro da
Cultura, Gilberto Gil.
Verbetes
com seu nome constam das principais enciclopédias e dicionários
mundiais, como o Grove em inglês, o Rieman alemão, o Dictionary of
Contemporarry Music, de John Vinton e vários outros. Sua obra já foi
tocada nos cinco continentes, principalmente na Europa e EUA.
Destacam-se, para orquestra, Santos Football Music e o Concerto para
Piano e Orquestra; para grupos instrumentais, Saudades do Parque
Balneário Hotel, Ulysses em Copacabana Surfando com James Joyce e
Dorothy Lamoura, Longhorn Trio, Rimsky; para coro, Beba Coca-Cola,
Ashmatour, O Anjo Esquerdo da História, Vila Socó Meu Amor e inúmeras
peças para piano e canções.
Gilberto
Mendes foi doutor pela Universidade de São Paulo, onde deu aulas no
Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes até se
aposentar. Fez parte, como membro honorário, da Academia Brasileira de
Música, e do Colégio de Compositores Latino-americanos de Música de
Arte, com sede no México.
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