Nosso amigo hoje faz 66 anos...
Digo assim, FAZ, pois todos sabem que ele ainda está por aqui; seja rondando, agregando, criando, observando ao redor.
Luiz Carlos acordava cedo para o mundo- independentemente da hora que dormia - e dava pequenas dormidinhas durante o dia.
Ás vezes, no quintal de sua casa, na Vila da Penha, fugia pra cochilar mas não nos avisava, pois não queria que fôssemos embora. Fazia questão que nos dessem de comer e de beber.
Até onde me lembro, pra ele não tinha essa de branco, de preto, de Zona Sul ou Zona Norte, de velho ou de novo. Ele gostava ou não gostava.
Gostava da garotada, do Bira da Vila ( São Luiz ) , do Fernando Gama, do Germano de São Paulo, do Hugo Suckman, do Martinho, da Servula do Sobrenatural, do Barata , do Moacyr, dos meninos do grupo Ciranda...e de tantos outros ! Luiz Carlos era, de fato, agregador.
Com Dorina e Mauro Diniz construiu Suburbanistas; com Claudio Jorge, o " Matrizes " . Gama produziu o seu disco ao vivo " Um cantar `a vontade, que já nasceu clássico. Sem contar no Luiz cantando Candeia, seu grande ídolo.
Entre minhas lembranças, vejo a pintura de um samba feito na hora em homenagem `a Luiz Melodia, num churrasco na casa do Alessandro Cardozo. Pinta também um Luiz eufórico, entrando no Carioca da Gema explodindo de alegria porque Paulinho da Viola tinha ido assistir ao seu show, no mesmo dia, um pouco mais cedo.
Inúmeras mais : o prêmio Visa em 2006 ; o texto que escreveu para o encarte do meu primeiro disco ; canjas antológicas no Renascença, no Carioca da Gema, no Candongueiro, na casa Rosa, como meu convidado...Caldos e Canjas ! Ah,como fere a saudade.
Construí uma amizade com Luiz que não era de muitos anos, mas era dos últimos anos dele nesse plano. Luiz me deu a mão e me apresentou a todos que ele achava que eu devia conhecer. Lá da Vila da Penha, mirou na minha direção e na direção de Luíza Dionízio, e botou um embaixo de cada braço.
Luiz tinha uma sofisticação popular - essa que Beth Carvalho tanto fala. Uma "vagabundagem", no melhor dos sentidos ; um veneno, um deleite com as palavras. Era culto, inteligente, e malandro. E como cantava bem ! Um mestre .
Uma figura adorável, elegante, com um humor de primeira, e super ligado `a família. Lembro me do samba pra Mirella, sua netinha, que agora já deve estar grande. Da paródia pra sua esposa Jane com a música "Copacabana " , impagável, inacreditavelmente bem construída , bem humorada e emocionante. Do amor pela sua mãe, pelo seu irmão, pelos agregados todos...
Não quero falar do motivo que inspirou o "Samba que nem Rita `a Dora " , pois embora conheça bem a história, não era amigo do Luiz dessa época. Embora morasse do outro lado da rua, na Travessa da Brandura , só vim a conhecer Luiz Carlos da Vila na Lapa. E a partir daí, parecia que nos conhecíamos desde sempre .
Com ele aprendi muita coisa, entre elas que o Jhonny Walker Black Label é o melhor custo- benefício que temos. É melhor que o Red e dá pra tomar a noite toda, diferentemente do Green Label ou dos outros mais velhos, que são uma porrada na moleira e tem que beber cowboy, senão não faz sentido.
Que se fazer de bobo é uma arte que poucos dominam. Que a família e os amigos são o maior bem que nós temos. Que dessa vida não se leva nada.
E que samba é mais do que um ritmo, é religião, filosofia, verdade, sentimento, cadência , um modo de viver.
E por essa e tantas outras que nunca vai passar a saudade que eu tenho de Luiz Carlos da Vila. Porque a saudade é o amor que fica.
Feliz Natal !
Digo assim, FAZ, pois todos sabem que ele ainda está por aqui; seja rondando, agregando, criando, observando ao redor.
Luiz Carlos acordava cedo para o mundo- independentemente da hora que dormia - e dava pequenas dormidinhas durante o dia.
Ás vezes, no quintal de sua casa, na Vila da Penha, fugia pra cochilar mas não nos avisava, pois não queria que fôssemos embora. Fazia questão que nos dessem de comer e de beber.
Até onde me lembro, pra ele não tinha essa de branco, de preto, de Zona Sul ou Zona Norte, de velho ou de novo. Ele gostava ou não gostava.
Gostava da garotada, do Bira da Vila ( São Luiz ) , do Fernando Gama, do Germano de São Paulo, do Hugo Suckman, do Martinho, da Servula do Sobrenatural, do Barata , do Moacyr, dos meninos do grupo Ciranda...e de tantos outros ! Luiz Carlos era, de fato, agregador.
Com Dorina e Mauro Diniz construiu Suburbanistas; com Claudio Jorge, o " Matrizes " . Gama produziu o seu disco ao vivo " Um cantar `a vontade, que já nasceu clássico. Sem contar no Luiz cantando Candeia, seu grande ídolo.
Entre minhas lembranças, vejo a pintura de um samba feito na hora em homenagem `a Luiz Melodia, num churrasco na casa do Alessandro Cardozo. Pinta também um Luiz eufórico, entrando no Carioca da Gema explodindo de alegria porque Paulinho da Viola tinha ido assistir ao seu show, no mesmo dia, um pouco mais cedo.
Inúmeras mais : o prêmio Visa em 2006 ; o texto que escreveu para o encarte do meu primeiro disco ; canjas antológicas no Renascença, no Carioca da Gema, no Candongueiro, na casa Rosa, como meu convidado...Caldos e Canjas ! Ah,como fere a saudade.
Construí uma amizade com Luiz que não era de muitos anos, mas era dos últimos anos dele nesse plano. Luiz me deu a mão e me apresentou a todos que ele achava que eu devia conhecer. Lá da Vila da Penha, mirou na minha direção e na direção de Luíza Dionízio, e botou um embaixo de cada braço.
Luiz tinha uma sofisticação popular - essa que Beth Carvalho tanto fala. Uma "vagabundagem", no melhor dos sentidos ; um veneno, um deleite com as palavras. Era culto, inteligente, e malandro. E como cantava bem ! Um mestre .
Uma figura adorável, elegante, com um humor de primeira, e super ligado `a família. Lembro me do samba pra Mirella, sua netinha, que agora já deve estar grande. Da paródia pra sua esposa Jane com a música "Copacabana " , impagável, inacreditavelmente bem construída , bem humorada e emocionante. Do amor pela sua mãe, pelo seu irmão, pelos agregados todos...
Não quero falar do motivo que inspirou o "Samba que nem Rita `a Dora " , pois embora conheça bem a história, não era amigo do Luiz dessa época. Embora morasse do outro lado da rua, na Travessa da Brandura , só vim a conhecer Luiz Carlos da Vila na Lapa. E a partir daí, parecia que nos conhecíamos desde sempre .
Com ele aprendi muita coisa, entre elas que o Jhonny Walker Black Label é o melhor custo- benefício que temos. É melhor que o Red e dá pra tomar a noite toda, diferentemente do Green Label ou dos outros mais velhos, que são uma porrada na moleira e tem que beber cowboy, senão não faz sentido.
Que se fazer de bobo é uma arte que poucos dominam. Que a família e os amigos são o maior bem que nós temos. Que dessa vida não se leva nada.
E que samba é mais do que um ritmo, é religião, filosofia, verdade, sentimento, cadência , um modo de viver.
E por essa e tantas outras que nunca vai passar a saudade que eu tenho de Luiz Carlos da Vila. Porque a saudade é o amor que fica.
Feliz Natal !
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