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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
JOHN BARRY
Me surpreendi ao ver no jornal sobre a morte do compositor John Barry.
É um destes personagens de mística e obra tão eternas, em qualquer tempo, que parece nunca vai morrer. Por se encontrar justamente além do tempo ...
As primeiras recordações que tenho de sua obra são de lps vinis que comprava num sebo, na Rua Sergipe ( em Londrina) e que era especializado em rock pesado. Por isto, outros gêneros eram colocados a preços mais generosos. E ali encontrei-me um dia com o som de John Barry.
O próprio ato ritualístico do vinil ( a capa, contra-capa, textos na contracapa e encarte e o nome dos compositores na bolacha) nos davam ótimas pistas do artista. E descobri naquela pequena enciclopédia sobre os filmes com os quais Barry colaborara. E ao procurar os filmes, conheci estilo e obra de cineastas e atores. E uma época! Não sei se uma outra época. Mas de fato, uma época: com suas cores, suas gírias, sua beleza e a saudade de um tempo.
Me lembro de um disco, que possuo até hoje na velha prateleira, que fazia releituras de clássicos para filmes em uma versão de percussão, mesclando instrumentos eruditos e populares. Com cordas, sopros e piano, mas dando o solo para a percussão. Que ótimo e que inovador ! Traz ali, obras de Barry.
E me lembro de outro que caiu em meu colo, no mesmo sebo, com releituras à maneira barroca de Bach e Haendel de obras de Barry e Bacharach. Alias, ainda tenho os dois discos.
É, parece que era mesmo outro tempo, outra época ...
Isto era o pop, o popular daquela época. Que louco, né ?
A lembrança das imagens e da música em '" Entre dois amores" ( de Sidney Pollack, 1985), Dança com Lobos ( Kevin Costner) e de 12 filmes da série 007, nos fazem crer na falta que Barry, morto aos 77 anos, de parada cardíaca, em Nova York, no dia 30 de janeiro, nos fará.
É mesmo de outra época este outro som: elegante, melancólico, inusitado e de um bom compositor de marcantes melodias que trazia consigo a facilidade para trabalhar com metais e cordas inovadoras.
Autor de temas simbólicos e inesquecíveis, tal qual um leitmotiv ou um tema de sonata clássica.
Obrigado, Barry !
( Aldo Moraes
Músico
composermoraes@hotmail.com
www.tramavirtual.com.br/aldo_moraes)
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