sexta-feira, 8 de outubro de 2010


NOBEL PARA VARGAS LLOSA


O escritor peruano Mario Vargas Llosa, que venceu nesta quinta, 7, o Prêmio Nobel de Literatura, afirmou há pouco que sua residência em Nova York tornou-se uma espécie de "manicômio" após o anúncio da concessão da máxima distinção do gênero.

"Esta casa é um hospício, com os telefones que não param de soar, as pessoas batendo à porta, tenho vontade de esconder-me em alguma parte", disse Vargas Llosa, em entrevista à América Televisión, de Lima. O prêmio, disse o escritor, "é um reconhecimento à literatura latino-americana e à literatura de língua espanhola e isso, sim, deve alegrar a todos".
Mais cedo, ao falar sobre o assunto, o escritor se disse feliz e afirmou que esta foi "uma surpresa maiúscula, eu nem sequer lembrava de que nestes dias estavam dando o prêmio, em um primeiro momento pensei que era uma brincadeira". Ainda comentando o prêmio disse que "há muitos anos mencionou-se meu nome, mas não sabia se era sério ou não", disse Vargas Llosa.

Em outro momento da conversa, o autor peruano disse sentir "vergonha" por receber tal premiação, ao recordar que outros autores latino-americanos não a ganharam, como o argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) ou o peruano César Vallejo (1892 -1938).
Sobre Borges especificamente, Vargas Llosa opinou que "é uma injustiça", reiterando assim a posição expressa por seu filho, Álvaro, que lembrou o argentino ao comentar a concessão do Nobel ao pai.

Sobre a escolha de seu pai, Álvaro disse: "claramente é um reconhecimento a um trabalho de muitas décadas, a alguém que soube reinventar-se em cada livro e deu respaldo às liberdades cívicas na América Latina e em países onde isso está em jogo de maneira dramática, como Cuba, Venezuela e outros".
O escritor também confirmou que na segunda semana de dezembro irá a Lima para um longo período de férias com a família, como faz todos os anos.

Ao fazer o anúncio da premiação, em um comunicado, o comitê sueco do Nobel de Literatura informou que Vargas Llosa foi escolhido "por sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual".
Autor de uma série de romances, peças e ensaios, além de ser engajado na política de seu país e da América Latina, o peruano vive atualmente na cidade norte-americana, onde ministra aulas na Universidade de Princeton.

Entre suas obras, estão "A Cidade e Os Cachorros" (1963), "Pantaleão e as Visitadoras" (1973) e "Travessuras da Menina Má" (2006). Seu novo romance, "O Sonho de Celta", deve ser publicado em novembro, pelo grupo espanhol Santillana e está em fase de tradução pela editora brasileira Objetiva, que publica as obras do autor pelo selo Alfaguara.

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