sexta-feira, 3 de setembro de 2021

ALDIR BLANC 75 ANOS: UM SÍMBOLO CULTURAL

 


Aldir Blanc nasceu no Rio de Janeiro, no dia 2 de setembro de 1946, e morreu no dia 4 de maio de 2020, aos 73 anos. Infelizmente, o letrista, compositor, cantor e cronista brasileiro foi uma das vítimas da Covid-19 no Brasil. Formado em Medicina com especialização em Psiquiatria, ele logo abandonou essas profissões para se dedicar à música e ao ofício de escrever. Ao longo de uma extensa e bem-sucedida carreira, Aldir Blanc se consagrou ao lado de parceiros como João Bosco, Moacyr Luz, Maurício Tapajós, Guinga, entre outros, e teve músicas gravadas por Elis Regina, Nana Caymmi e Zizi Possi.

Provocado a escolher os 10 melhores sambas de todos os tempos, Aldir Blanc (1946-2020) não teve dúvidas. Adotou um critério pessoal e elegeu “Conversa de Botequim”, “Feitiço da Vila”, “Três Apitos”, “Último Desejo”, “O X do Problema”, “Onde Está a Honestidade?”, “Dama do Cabaré”, “Cor de Cinza”, dentre outros, todos de Noel Rosa. Por ironia do destino, com quem brincou em versos e trovas, Aldir morreu no dia 4 de maio, aos 73 anos, na mesma data que o Poeta da Vila, com mais de oito décadas de diferença. 

Dono de frases que se eternizaram na MPB e coautor de clássicos como “O Bêbado e a Equilibrista”, “Kid Cavaquinho”, “O Mestre-Sala dos Mares”, “Resposta ao Tempo”, e mais uma porção, Aldir formou-se em medicina e se especializou em psiquiatria, mas, já em 1973, trocou a profissão, definitivamente, pela música. O espírito crítico, aguçado e irônico, pode ser constatado na desenvoltura em preencher as ágeis linhas melódicas de João Bosco, o parceiro mais constante, e de levar, ao cotidiano, expressões que se equilibravam com graça entre o altar e o chão de fábrica. 

Durante a ditadura militar, Ivan Lins e Aldir Blanc formaram, ao lado de Gonzaguinha, César Costa Filho e de outros colegas do ambiente estudantil, o MAU (Movimento Artístico Universitário). O grupo se reunia com frequência na casa do psiquiatra Aluízio Porto Carreiro para longas conversas e rodas de violão e pretendia, principalmente, ampliar o espaço para a música autoral no país. Foi nessa época que Aldir deu à luz uma de suas composições mais bonitas, “Amigo É Pra Essas Coisas”, parceria com Sílvio da Silva Júnior, defendida no III Festival Universitário de Música Popular Brasileira pelo conjunto vocal MPB-4. Ela foi regravada por João Nogueira e Emílio Santiago.

“O Mestre-Sala dos Mares” (samba, 1975) – João Bosco e Aldir Blanc
João Cândido Felisberto, conhecido como “Almirante Negro”, foi um militar da Marinha Brasileira que, em 1910, liderou a Revolta da Chibata, movimento que se rebelou contra os cruéis castigos, originários da época da escravidão, que continuavam a ser aplicados contra os marujos negros, mesmo após a abolição. Cansados de terem os seus corpos retalhados pela chibata, os marinheiros se revoltaram. Expulso, discriminado e perseguido pela Marinha, João Cândido morreu aos 89 anos, vítima de câncer, pobre e esquecido, no município de São João de Meriti, no Rio, onde se recolheu. Para saudar sua memória, João Bosco e Aldir Blanc compuseram, em 1975, o samba “O Mestre-Sala dos Mares”. A música foi lançada pelo próprio Bosco e regravada com primor por Elis Regina.

https://www.youtube.com/watch?v=16C_3LhMeEo&feature=emb_imp_woyt

FONTE: JORNAL ITATIAIA

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