“Pequenas Mortes
Cotidianas”
Uma
coletânea na qual a tônica é o dia-a-dia. Como pano de fundo, os textos falam
daquele que nos subtrai aos poucos, ao passo que em nós, adiciona também algo
de si mesmo. O tempo.
Com
orelha de Verônica Stigger, o livro já nasce premiado. Seu original foi um dos
premiados pelo Projeto de Tutoria da Casa das Rosas em São Paulo. Além de
prêmios individuais para os inúmeros contos que compõem o trabalho.
Casal
Perfeito - 8° Lugar – Prêmio Academia Penedense de Letras.
Ossos
Largos - 20° Lugar - Prêmio VIP de Literatura 2016 - A.R. Publisher
Ossos
Largos e Quase – Menção honrosa – Prêmio Nidil de Literatura
De
Saltos Altos - Menção Honrosa, no I Certame Literário Zilferoli 2016 – Academia
de Letras de São João de Meriti
...
4° colocação no 14º UNICULT - 12º Certame DE CONTOS.
...
12° colocação no Prêmio VIP de Literatura 2017 - A.R. Publisher
Dejá
Vù - selecionado para a primeira edição da Revista Multiversos
A
Orelha
De
Verônica Stigger
São
poucos os títulos que sintetizam tão bem o conteúdo de um livro como este que o
leitor tem nas mãos. Pequenas mortes cotidianas, a mais recente
coletânea de contos de Paula Giannini, trata justamente do que anuncia:
das mortes com as quais lidamos ao longo de uma vida. Não apenas daquelas ligadas
à perda de amigos, conhecidos ou familiares, mas ainda das que se dão em
consequência de escolhas que fazemos a todo momento, como a narradora de “Déjà
Vu” tão bem explicita: “Ninguém estava completamente feliz com suas escolhas.
Nunca. Cada opção significava, inexoravelmente, a imediata morte de todas as
outras. Sempre”. E não só. Para além dessas perdas, Paula Giannini, em seu
livro, aborda fundamentalmente aquelas pequenas mortes quase
imperceptíveis, porque difíceis de detectar onde e quando começam, e que, em
alguma medida, abalam nossa estrutura e se inscrevem no corpo como as marcas de
um sismógrafo. “Algo parecia deteriorar em si com a velocidade de um piscar”,
afirma a narradora de “Quase”.
Pequenas
mortes cotidianas é
também, portanto, uma reflexão sobre a passagem do tempo e o modo como esta se
revela em nós e para nós. Diz ainda a narradora de “Quase”: “Já
não sabia quem era. E reconhecer o mundo à sua volta, aos poucos, se tornava
igualmente custoso. Até o olhar parecia ter-se modificado. As lentes com as
quais se via já não eram as mesmas através das quais enxergava o mundo”. E a
saída não está em tentar mascarar a morte, que, como todos sabemos, é
inevitável, mas, pelo contrário, encará-la de frente, sem medo e com vistas a
uma possível redenção, como sugere a frase que se repete em dois contos
diferentes do livro, tal qual um refrão: “É preciso morrer para renascer”.
Resenha
da Casa das Rosas
Pequenas
mortes cotidianas
– Paula Giannini
“Narrativas
caleidoscópicas, vertiginosas e concisas, explorando os múltiplos dramas
cotidianos, numa espécie de fluxo de consciência contínuo, como se o leitor
acompanhasse de perto as personagens. O estilo telegráfico e os cortes bruscos
dão ao texto um ritmo ágil e cativante”.
Casa
das Rosas
Concepção
literária
Morremos
um pouco todos os dias. Somos diminuídos com a perda de um amor, de ilusões ou
mesmo ao tomarmos consciência de nossa própria idade e, consequentemente, de
nossa finitude no mundo.
“Pequenas
Mortes Cotidianas” é uma coletânea de contos nos quais a tônica é o dia-a-dia
de todos nós. Como pano de fundo, os textos falam daquele que nos subtrai aos
poucos, ao passo que em nós, adiciona também algo de si mesmo. O tempo.
Alguns
dos títulos: Mariposa (no momento de desligar os aparelhos, a paciente, em
coma, vislumbra a própria vida, o que foi e o que poderia ter sido) - Quase
(quase na menopausa, quase velha, quase bela, ela se questiona em plena crise
dos 40 – menção honrosa no Prêmio NIDIL de criação acadêmica de direito e
literatura) - Com a Ponta dos Dedos (o que é ser “diferente” é a reflexão desse
conto sobre uma menina cega que aprende a ler com letrinhas de macarrão) - Déjà
Vu (quem nunca se questionou sobre as escolhas da própria vida? Este conto
brinca com conceitos de física quântica em uma trivial viagem de carro) - Ossos
Largos (quando o peso do próprio corpo esmaga a auto estima - menção honrosa no
prêmio NIDIL de criação acadêmica e prêmio AR Publisher) - Casal Perfeito
(sobre o fim - menção honrosa no Prêmio da Academia Penedense de Letras) -
Passarinhos (até que ponto pode ir a autodoação) - Bob (a dor do abandono não é
privilégio do ser humano) - A Lagartixa (por que a opção sexual do outro
incomoda tanto em nossa sociedade?) – (...) (a desconstrução de si mesmo na
descoberta do Alzheimer), entre outros.
Referências
estéticas
A
proposta da autora é a utilização de uma estética literária que resulte em
textos nos quais o aspecto sensorial aparece não só na busca da emoção -
através da identificação direta do leitor - mas também na organização estética
do texto - através da tessitura das palavras.
Personagens
Os
personagens de “Pequenas Mortes Cotidianas” somo todos nós.
Somos
a Mariposa no momento de encarar nosso próprio fim, ou a “Lady Gaga no
climatério” ao tomarmos consciência de nossa idade e consequente caminhar para
o fim, como em Quase. Somos a criança, tateando no escuro, em busca de
si mesma (Com a Ponta dos Dedos) ou a personagem de Déjà Vu, ao
nos questionarmos se escolhemos o caminho certo em decisões que poderiam mudar
as nossas vidas. Somos Amanda de Ossos Largos, vítimas de bullying e
prisioneiros de nossas próprias aparências, e, aquele que sofre a dor do adeus
pelo sufocamento da busca do relacionamento idealizado e perfeito (Casal
Perfeito) ou mesmo a Ruiva Menina a sofrer com a exploração do mundo contra
si mesma (Passarinhos).
Todos
podemos ser Bob e seu inocente amor de cão, deixado pra trás por aqueles
a quem mais amava – seu donos. Assim como todos temos um rabo de Lagartixa
a ser extirpado, uma dor latente de aceitação incompreendida.
... é o título do
último conto, pois no final, todos nós nos perderemos ou encontraremos a nós
mesmos, na linha do horizonte.
Tempo
e espaço
Em
busca da identificação do leitor com cada conto, os textos são construídos na primeira
ou na terceira pessoa, de acordo com a escolha da força e do tipo de reação que
a autora busca.
Em
certos momentos observador, em outros vestindo a pele do personagem, o leitor
será convidado a encontrar dentro de si mesmo, a resposta ao questionamento de
cada conto.
Todos
os textos se encontram no passado. Seja ele construído de memórias de um
segundo atrás ou, de lembranças de longa data. Nada é presente, tudo já se foi,
nesse nosso caminhar diário rumo ao fim.
A
Autora
Paula
Giannini é dramaturga, roteirista, contista e atriz. Entre suas obras mais
conhecidas encontra-se a comédia “Casal TPM” – espetáculo de Teatro que já foi
assistido por mais de 700 mil pessoas na cidade de São Paulo. Em 2014 integrou
o Núcleo de Dramaturgia David Mendes, na RPCTV (filiada da Rede Globo no
Paraná). Como autora possui textos infantis (entre eles “Se Essa Rua Fosse
Minha – Espetáculo de Brincar” – merecedor de inúmeros Prêmios como V.alores do
Brasil e Pontinhos de Cultura), comédias, dramas e textos focados na cultura
popular brasileira.
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