sexta-feira, 7 de julho de 2017

O LEGADO DE ALMIR GUINETO



O samba de Almir Guineto dividiu as paradas de sucesso nos anos 80 com o rock nacional e os astros da MPB. Quem conhece a poesia dos sambas românticos do cantor e a força de seus sambas partido-alto logo identificam a alegria, a ironia e o apego às tradições negras, elementos que nos dias de hoje foram substituídos pela sofrencia, ao menos nas paradas da TV e do rádio.


Mas esse aspecto poético encontra-se sim com o sertanejo de raiz que fala das coisas do campo mas também mantém a força das histórias de vida e o lirismo quando fala de amores e desencontros.
O samba de Guineto (assim como em Roberto Ribeiro, João Nogueira, Arlindo Cruz e Agepê) se imprime da força de sua gente (o trabalhador que acorda cedo; a beleza dos terreiros e seus santos; a cordialidade e a esperança); da sonoridade do samba de raiz (com percussão; violões, inclusive de 7 cordas;  cavaquinho e banjo) e da profunda beleza quando se fala de amor e paixão.

A respeito das desilusões amorosas, estas vêm sempre na forma de reflexão ou ironia (impedindo o personagem dos sambas de viver em baixo astral ou melancolia) como em “Não quero saber mais dela”; “Mel na boca” (de David Correa) e “Só prá contrariar”.

Almir Guineto foi mestre de bateria da Salgueiro; ajudou a fundar Os originais do samba e O fundo de quintal, dois grupos que em momentos diferentes foram fundamentais para a afirmação desse grande gênero musical; fez composições gravadas por Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Jovelina Peróla Negra e Alcione e como artista, resgatou o melhor do samba e do pagode, dando sempre voz às coisas da negritude e do Brasil.

Aldo Moraes  (Músico, poeta e jornalista)
composermoraes@hotmail.com

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