Carlos Gomes foi o último compositor brasileiro a ter grandes óperas encenadas na Europa. Sua ópera “Condor” foi estreada na Itália em 1891. Três de suas óperas voltaram a ser apresentadas na Europa em 1996 e 1997: na Bulgária foram encenadas as óperas “Maria Tudor”, “Fosca” e “Il Guarany”.
Em 2019 uma superprodução do repertório operístico brasileiro volta a um palco europeu: “Olga”, do maestro Jorge Antunes, abrirá a temporada do Teatro Opera Baltycka Gdansk, na Polônia, no próximo dia 11 de outubro.
“Olga”, do compositor brasiliense Jorge Antunes, foi montada no Brasil em duas temporadas: no Theatro Municipal de São Paulo, com cinco récitas em 2006, e no Teatro Nacional de Brasília, com quatro récitas em 2013.
A ópera é escrita para grande orquestra, grande coro, cantores solistas e sons eletrônicos. A superprodução, com quase três horas de duração, obteve estrondoso sucesso nas apresentações no Brasil.
O libreto, escrito pelo poeta carioca Gerson Valle, narra a vida de luta política e o martírio de Olga Benario, a mulher do líder comunista brasileiro Luis Carlos Prestes. Ela era alemã e judia. Apesar de estar grávida, foi deportada do Brasil, em 1936, pelo governo de Getúlio Vargas, sendo entregue à Gestapo e passando a ser prisioneira dos nazistas com transferências sucessivas por três campos de concentração. Sua filha, Anita, nasceu na prisão de mulheres de Berlim. Olga veio a ser assassinada em 23 de abril de 1942 na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg.
No Teatro de Ópera da cidade de Gdansk, na Polônia, “Olga” terá oito récitas entre outubro de 2019 e março de 2020. O único brasileiro a participar do espetáculo é o maestro brasileiro José Maria Florêncio, que é o diretor musical da Opera Baltycka Gdansk. Todo o elenco é formado de cantores poloneses que cantarão em português, sendo que durante o espetáculo serão projetadas legendas com as traduções para o polonês.
Em outubro de 2018, no concerto de abertura da Opera Baltycka, a orquestra do teatro deu um concerto em que foi apresentada a “Abertura” da ópera Olga. A peça sinfônica teve grande sucesso, despertando grande interesse do público e da crítica musical polonesa. Esse fato motivou a direção do teatro a programar a ópera para a temporada 2019-2020.
As oito récitas serão realizadas nas seguintes datas: 11, 12 e 13 de outubro de 2019; 22 e 23 de novembro de 2019; 27, 28 e 29 de março de 2020.
A equipe técnica da montagem polonesa de Olga já foi anunciada: direção musical- José Maria Florêncio; direção de cena- Romuald Wicza-Pokojski; cenários e figurinos- Hanna Szymczak; coreografia- Izabela Sokolowska-Boulton.
O papel de Olga, que no Brasil foi interpretado pela soprano Martha Herr, falecida em 2015, será interpretado alternadamente pelas polonesas Anna Mikolajczyk e Katarzyna Wietrzny. Os demais papeis estão assim distribuídos: Prestes- Jacek Laszczkowski (tenor); Filinto Müller- Mariusz Godlewski e Macin Bronikowski (barítonos); Arthur Ewert- Remigiusz Lukomski e Daniel Borowski (baixos); Elise Ewert- Julia Jarmoszewicz (mezzo-soprano); Rodolfo Ghioldi- Lukasz Motkowicz e Jan Zadlo (barítonos); Victor Barron- Leszek Skrla (barítono); Carmen Ghioldi- Katarzyna Nowosad (mezzo-soprano); Manuilsky- Piotr Nowacki (baixo); cantador I e policial- Dionizy Plackowski (tenor); cantador II, policial e Sobral Pinto- Jan Zadlo (barítono-baixo); cantador III e policial- Leszek Holec (barítono).
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