O blog Arte Brasil é uma extensão
de comunicação do Instituto Cultural Arte Brasil, organização fundada em 1998 e
com atuação em 3 Estados (SE, SP e PR) nas áreas da cultura, educação, gênero,
igualdade racial e meio ambiente.
Nesta entrevista temos a satisfação de
conversar com Liange Hiroe Doy Fernandes sobre direitos da mulher e como Londrina
atua na defesa de gênero. Liange assumiu o cargo de secretária municipal de
Políticas para as Mulheres de Londrina (SMPM) em abril deste ano, é advogada, vice-presidente
do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM), membro do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e servidora de
carreira da Prefeitura de Londrina desde 2013.
a) Olá Liange
é um prazer ter você conosco nesta entrevista. Conte um pouco sobre sua
infância
Cresci em uma família muito bem estruturada, rígida
com valores éticos. Meu pai era advogado e minha mãe do lar. A minha grande
amiga sempre foi a minha irmã, pois temos dois anos e oito meses de diferença. Brincava
muito de escolinha, de boneca e de carrinho. Tive uma infância muito boa, com
pais muito presentes, afetuosos e dedicados.
b) Em que
momento você se interessa pelo direito? Como foi o inicio?
Eu fiquei em segundo lugar num concurso de bolsas
de estudos para a faculdade e a minha primeira opção de curso era Direito, por
sugestão do meu pai e resolvi começar os estudos para ver o que eu achava, mas
continuar estudando para prestar o vestibular no final do ano (e não o fiz).
Confesso que não havia uma paixão pelo curso, até porque a minha rotina era
exaustiva (trabalhava muito) e isso me fazia ir muito cansada para as aulas.
Então eu fui levando. Até que passei no concurso da Prefeitura de Londrina e
fui trabalhar na Procuradoria Geral do Município com o Dr. Roberto Reale,
procurador. Certo dia, ele me falou que havia trabalhado no CAM (o Centro de
Referências de Atendimento à Mulher), me contou da rotina, alguns casos,
mencionou a Lei Maria da Penha, e foi ali, naquele momento que eu realmente me
interessei pelo direito. Cheguei em casa e li a lei 11.340/06 inteira. E hoje
estou titular da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, o órgão
gestor do CAM.
c) Recentemente
você assumiu o desafio de comandar a secretaria da mulher, em Londrina. Fale um
pouco desse momento em sua trajetória já que você também teve experiencia
profissional na procuradoria e corregedoria do município
Eu trabalhei na PGM e na Corregedoria do Município,
mas em 2017 surgiu o convite para assumir a Diretoria de Saúde Ocupacional da
Secretaria de Recursos Humanos. Porém, em 2018, tive o convite para assumir a
Gerência de Ação Formativa da Secretaria da Mulher e, é claro que aceitei sem
pensar duas vezes. Então assumi a gerência e no mesmo ano fui designada como
Assessora de Políticas Públicas para as Mulheres (advogada do CAM) pelo
Prefeito Marcelo Belinati. Esse era o trabalho do Dr. Reale (anos atrás) que fez
com que eu me interessasse muito pelo direito. Sem dúvidas, foi um dos dias
mais gratificantes da minha vida. E agora, em abril, assumi a Secretaria
Municipal de Políticas para as Mulheres com o desafio de que essa seja uma
Secretaria para todas as mulheres.
d) Quais os
desafios, esperanças e projetos para a secretaria neste ano?
Quando
assumi a Secretaria, já estávamos no período de distanciamento social.
O prefeito
Marcelo Belinati me incumbiu de dar continuidade aos serviços, pois além de
considerarmos essenciais a prevenção e enfrentamento à violência doméstica e
familiar contra a mulher e o atendimento humanizado a essa vítima, nesse
período de distanciamento se faz ainda mais necessário que possibilitemos os
serviços ofertados pelo COM – Centro de Oficinas para as Mulheres (que antes
eram totalmente presenciais) via internet, por nossas mídias sociais ou
ambiente virtual de aprendizagem. O COM realiza oficinas, palestras e cursos nas
em diversas áreas como empreendedorismo, saúde e bem estar.
e) Vivemos
uma verdadeira revolução social com a pandemia do covid 19. Como estão as
situações de violência doméstica e os conflitos familiares?
Tendo como
parâmetro os atendimentos do CAM e da Casa Abrigo, houve uma diminuição na
procura por atendimentos psicossociais presenciais; aumento nos atendimentos
via telefone; e um considerável aumento na Casa Abrigo.
f)
O blog que está te entrevistando é realizador do
batuque na caixa, um projeto que ensina música, teatro e literatura para
crianças, adolescentes e jovens na periferia de Londrina, Cambé, Bauru e
Indiaroba. Que recado você pode deixar a estes alunos?
Eu fiz música, teatro e sempre amei literatura. Se
eu pudesse voltar ao tempo, com certeza teria aproveitado mais essas
oportunidades. Quando somos crianças, queremos ser adultos. Mas quando somos
adultos, sentimos falta de muita coisa da infância. Independentemente da idade,
se é criança, adolescente ou está próximo da fase adulta, todos nós somos
detentores de direitos, mas também temos as nossas obrigações. O projeto é uma
oportunidade. Valorize-a. Hoje, em todas as palestras que faço, coloco pelo
menos 3 (três) músicas para reflexão. A arte é capaz de deixar todo assunto
melhor para ser abordado.
g) Agradecemos
a gentileza da entrevista. Deixamos o espaço aberto para que você mande um
recado aos nossos leitores e leitoras e indique os contatos e meios que a
mulher pode procurar para o enfrentamento à violência, oportunidades de qualificação
e emprego/geração de renda
CENTRO DE REFERÊNCIA DE ATENDIMENTO À MULHER
(CAM)
Endereço: Av. Santos Dumont,
408 - Bairro Boa Vista
CEP: 86039-090 - Londrina - Paraná
CEP: 86039-090 - Londrina - Paraná
Telefone/fax: (43) 3378-0132
Como chegar: Linha 108 (Albatroz)
ou 201 (Califórnia)
Horário de atendimento: de segunda a
sexta-feira, das 8h às 18h - Setor
de Acolhida (primeiro atendimento): de segunda a
sexta-feira das 8h às 17h
CENTRO DE OFICINAS PARA AS MULHERES (COM)
Endereço: Rua Valparaíso, S/N, sala
03, Mercado Municipal Guanabara.
Parque Guanabara, Londrina - PR
CEP:
86050-150.
Como chegar: linhas 209,
213, 613, 800, 806.
Telefone: (43) 3378-0111
E-mail: casa.mulher@londrina.pr.gov.br
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