terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

VIDA INFINDA, POEMA DE LAWRENCE FERLINGHETTI

 

VIDA INFINDA


Infinda a esplêndida vida do mundo
Infindos seus lindos seus vivos seus vívidos
seus lindos seres vivos
ouvindo e vendo pensando e sentindo
dançando e rindo soluçando e ganindo
por tardes infindas infindas noites
de amor e êxtase júbilo e agonia

bebendo e queimando falando e cantando
em infindas Amsterdams da existência
com infindos diálogos animados
sobre infindas xícaras de café
em clubes literários nas manhãs de chuva
Infindos filmes das ruas passando
em carros e trens de desejo
nas infindas trilhas da luz
E infindos cabelos longos dançando
ao som do punk rock e da disco
através de Vias Lácteas meia-noites
até os Paradisos da madrugada

falando e fumando e pensando
do tudo infindo da noite
no alvo leite da noite a luz da noite
Ah sim oh sim o infindo viver e amar
odiar e amar beijar e matar
Infinda a tique-taque respira tritura
máquina-carne da vida
gira-girando através do tempo
Infinda vida e infinda morte
infindo ar e infindo respirar


Tradução de Paulo Leminski (*) a poesia completa e original se espalha por seis páginas e está incluída na antologia "vida sem fim" da editora Brasiliense de 1981 

Nenhum comentário:

Postar um comentário