segunda-feira, 26 de abril de 2021

PROJETO MÚSICA RARA BRASILEIRA

 

Música Rara Brasileira é um nome que, a rigor, poderia ser dado a quase toda a música brasileira de concerto. Pois, exceto uma parcela pequena das obras de Villa-Lobos, e uma ou outra ópera de Carlos Gomes, nossa produção nesta área continua sendo largamente ignorada no próprio país – e a falta de registros do repertório e a escassa disponibilidade de partituras aptas para performance constituem um dos gargalos estruturais desta área.

Pois bem: apaixonado pelo tema, o escritor e diplomata Wellington Müller Bujokas resolveu, em plena pandemia, dar sua contribuição para o enfrentamento deste problema. Em parceria com o Zenon Instituto Cultural, começou, em dezembro, o projeto Música Rara Brasileira, com uma página no Facebook e uma playlist no YouTube, dentro do canal do Zenon Instituto Cultural, postando, em todas as sextas-feiras, a partir de 18 de dezembro último, gravações de obras de nossos compositores, por intérpretes do Leste europeu e do Brasil.

“O Zenon Instituto Cultural é um instituto com sede em Fortaleza, criado para divulgar a obra do artista plástico Zenon Barreto (1918-2002). Os diretores do Instituto são o filho e a nora dele, Frederico Barreto e Nara Vasconcellos Barreto. Eles mudaram faz muitos anos para a Bulgária, para lá dar educação musical para os filhos. E começaram a usar o instituto para promover cultura brasileira na Bulgária”, disse Bujokas à Revista CONCERTO no último sábado, dia 23, às vésperas de um concerto do projeto Música Rara Brasileira em Moscou, intitulado Estados da Alma, no qual seriam tocados (e gravados) trios para cordas de Lindembergue Cardoso (1939-1989), Harry Crowl (1958), Ernst Widmer (1927-1990), Frederico Richter (ou Frerídio, 1932) e L. C. Vinholes (1933), por Olga Garshina (violino), Andrei Chaporov (viola) e Andrei Berezin (violoncelo).

Bujokas conta que o Zenon Instituto Cultural realizou vários projetos de artes plásticas, cinema e música, incluindo, em 2019, o I Festival de Música Clássica Brasileira, com doze concertos em diversas cidades búlgaras. O diplomata ajudou com obtenção de partituras e curadoria do evento, e 31 obras gravadas na ocasião podem ser conferidas no YouTube

Música Rara Brasileira começou, por sinal, com uma peça para a mesma formação: Pós-Aboio a três (2020), criado especialmente para o projeto por Paulo Costa Lima (1954), e executado em Moscou por Daria Svernik (violino), Yulia Vendeland (violoncelo) e Darya Filippenko (viola). 

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