terça-feira, 2 de outubro de 2012

ESTRÉIA DO BALLET DE LONDRINA

O amor pode parecer tão perfeito que é capaz de enganar aos que acreditam que, aonde existe amor existe vida. Ilusão. Desejos inconfessos, vaidade, ciúme e, por que não, a ruína habitam os corações. Desavisados podem ser feridos mortalmente na busca insaciável amorosa.

Uma procura que não tem perdão. Aos que se lançam nessa tentativa de ser feliz, esperando e confiando nos sentimentos alheios, o risco da decepção é grande.

A Companhia Ballet de Londrina leva às últimas consequências em “Petrouchka”, concepção original do russo Igor Stravinsky (1882-1971) e coreografia de Michel Fokine (1880-1942), a enganosa teia da paixão não correspondida, alimentada pelo amor a si próprio.

Diretor da companhia londrinense, o coreógrafo Leonardo Ramos estendeu em sua interpretação da peça clássica para o contemporâneo, explicitada no corpo dos bailarinos, o trabalho que vem realizando desde “Prazeres”, consolidado na coreografia “A Sagração da Primavera”, obra também de Stravinsky.

“Petrouchka” têm em comum com “Sagração” a música do compositor russo que, ao piano, em princípio poderia sugerir a exaustão, mas é o material com que o coreógrafo nos conduz surpreendentemente ao lúdico e festivo.

A estreia de “Petrouchka” foi no Théâtre Châtelet de Paris, em 1911. No Brasil, a primeira apresentação do clássico se deu no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, em 1930.

Anualmente, em São Petesburgo, era organizada uma festa. Dançarinos, acrobatas e animais amestrados divertiam os moradores. No teatro improvisado, um mágico ou bruxo convida as pessoas para assistirem um espetáculo de fantoches.

Os bonecos eram tão perfeitos que se confundiam com pessoas de verdade. O público se encantava com os três principais: o Mouro, a Bailarina e Petrouchka, que em russo significa pierrô.

O balé de dois atos foi concentrado nos três principais personagens, que percorrem a trajetória humana vulnerável ao amor, a vaidade, o ciúme em uma transferência da ideia original.

Não se trata mais das compensações do amor. Há circunstâncias em que não existem. Somente o lucro da perda: a inveja, a revolta e o desprezo.

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