quinta-feira, 8 de setembro de 2022

BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: TEXTO DE EDIMILSON HENRIQUES

7 DE SETEMBRO DE 2022. Ontem, 7 de setembro, comemorou-se o aniversário da independência. Nesses 200 anos o País passou por inúmeras situações, boas e ruins, seja no âmbito do esporte, da política, da economia e desenvolvimento, etc. Particularmente, considero a dor da ditadura militar e a tentativa de cura do processo de democratização, com a constituição promulgada em 5 de outubro de 1988, dois dos marcos mais profundos que tivemos como nação. Falando de democracia, uma coisa boa, não acha? Democracia, o direito de votar e de se posicionar, de ir e de vir, de escrever e de ser, logicamente que ser sem ser gente doida ou desrespeitosa, ser sem ser pessoa do mal, agressora ou ofensiva, ser sem esquecer que o outro também pode, deve e tem direito. Quando assim acontece vejo sentido em ser alguma coisa, mas quando o ser é permeado pelos pontos negativos acima mencionados, pra mim deixa de ser, mesmo que a maioria afirme que é. Assim sendo, pensando e refletindo, apesar de ver alguns motivos, afinal, será que nesses dias temos tanto a comemorar, depois desses dois séculos? Quem sabe comemorar a maior polarização política de toda a história nacional, quando a maioria de esquerda e de direita se esqueceu de que somos todos brasileiros?
Ou comemorar o fato de que o cavalheirismo natural em um líder político, que deveria ser um estadista, tenha dado lugar as grosserias mais incabíveis, a verbalizações brocháveis que corta a “libido” de quem raciocina? Comemorar a injustiça, quando muitos tem seus direitos vituperados, ou quando alguém como eu, por exemplo, perdi o “filho” - morto a 2 anos, aos 19 anos, com 58 facadas? Devo comemorar o fato de que ele seja mais um jovem que teve a vida subtraída por assassinos que até hoje não foram presos? Comemorar o que? A inflação e o enriquecimento ainda maior do 1% da população nacional? Que devo comemorar? O fato que os banqueiros não param de enriquecer, enquanto as rupturas sociais se dilatam e os vulneráveis clamam por um prato de comida, nas periferias das cidades e do estado brasileiro como um todo?
Acredito ser uma pessoa positiva, dinâmica e sempre à procura do equilíbrio, mas pelo amor de Deus, o que devo comemorar? Eu tenho aprendido pelo evangelho que devo amar o outro, a servir e declarar a paz. O que posso comemorar quando aqueles que são porta voz do Cristo O vituperam, o humilham? O que devo comemorar quando vejo que o evangelho foi deixado de lado, e um "cristianismo” arrogante e estúpido tomou seu lugar nos púlpitos, aparentemente à espera do farelo que pode cair da mesa, encobrir conchavos, ou por simplesmente distorcerem a verdade na busca de um poder terreno e ilusório? Onde está tu ó Brasil, que iluminado ao sol do novo mundo deveria se destacar, sendo um florão entre os outros países da América? Eu não tenho muito à comemorar, pois quando passo a régua perco o sorriso, afinal, filhos e filhas perdem suas vidas, mulheres ainda são violentadas, pretas e pretos ainda são “classe” inferior, “machistas” batem em esposas, “feministas” reagem pelos seus direitos e passam a linha da razão, a educação ainda é para alguns e a saúde de qualidade, que também deveria ser para todos, é para quem pode pagar, fora as filas enormes de espera. A verdade é que daqui 200 anos nenhum de nós estará mais aqui fisicamente, mas os que estiverem lerão sobre o quanto nossas mentes estavam cauterizadas pelo ego, embotadas pelo desejo de poder, descaracterizadas pela polarização insana, pelo radicalismo imbecil, pela absolutização do que é relativo, pela relativização do que é absoluto e pela falta de amor, que deveria ser o ponto de convergência de qualquer um que se denomine humano. Que Deus tenha misericórdia de nós!
Ainda há tempo. Ed Henriques (8 de setembro de 2022)

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