Uma homenagem a Astor Piazzolla
deve ser feita por músicos competentes, virtuosos e, principalmente, versáteis, que possam transitar entre o popular
e o erudito tão
habilmente quanto o consagrado, e muitas vezes incompreendido, músico portenho.
Neste sentido, e em busca por diferentes sonoridades e novas formas de
expressão, o Harmonitango chega ao seu primeiro CD, numa formação inusitada, com músicos de grande experiência
camerística: José Staneck (harmônica), Ricardo Santoro (violoncelo) e Sheila
Zagury (piano). Última
produção de Sergio
Roberto de Oliveira, morto em julho
deste ano de câncer no pâncreas, o CD homônimo
faz jus à diversidade cultural que tanto marcou a obra de Pìazzolla, agora
com tempero brasileiro. No Rio, o
lançamento será no dia 7 de outubro,
sábado, às 19:30h, no Centro da
Música Carioca (Tijuca), e no dia 8 de outubro, domingo, às 17h, na Cidade das Artes (Barra da Tijuca).
A partir de suas múltiplas
influências, a música de Piazzolla também bebeu na fonte brasileira. No início de carreira, em sua ânsia de se
tornar compositor erudito, o portenho foi ter aulas com a legendária Nadia
Boulanger, mestre de alguns dos maiores criadores do século XX como Igor Stravinsky, Leonard Bernstein, Aaron
Copland, os brasileiros Claudio Santoro, Camargo Guarnieri e Almeida Prado,
além de nomes fundamentais da música
popular moderna, como Egberto Gismonti
e Quincy Jones.
E foi a própria Boulanger quem lhe incentivou a desistir da carreira erudita
e mergulhar de vez
no tango, ritmo que tanto o fascinava.
Neste CD, estão
presentes duas de suas maiores
criações: Adiós Nonino, dedicada ao seu pai que acabara de perder,
em 1959; e Libertango, tema
consagrado pelas interpretações do compositor e das várias
releituras mundo afora.
A Libertango se juntam, nesta gravação, Meditango e Violentango, que pertencem a uma
série original de sete tangos (além dos três citados,
Meditango, Undertango, Amelitango e Tristango) lançados em único disco, de 1974.
Em Fuga y Misterio, o compositor resgata suas influências eruditas,
onde encontramos uma fuga que integra, originalmente, María de Buenos Aires, uma “ópera- tango” denominada pelo compositor como “operita”. Essa mesma forma reaparece em La Muerte
del Ángel, com momentos líricos magistrais.
Ainda dentro da série “Ángel”, Milonga
del Ángel e Resurrección del Ángel,
e Oblivion, escrita em 1982 para o
filme Enrico IV, do cineasta Marco Bellocchio. Deus Xango é um dos frutos dos encontros de Piazzolla com o
saxofonista Gerry Mulligan: o disco Summit
(Reunión Cumbre), de 1974. Já Retrato
de Milton é dedicada a Milton Nascimento, que Piazzolla considerava como o
grande representante da então nova geração de grandes compositores do Brasil.
HARMONITANGO
Através da fusão de seus
estilos, o trio encontra na obra de Astor Piazzolla uma maneira de se expressar
de forma emocionante e vibrante, valorizada pela riqueza tímbrica da harmônica,
do violoncelo e do piano, criando uma sonoridade surpreendente dentro de uma obra fascinante. A similitude da
sonoridade da harmônica com o
bandoneon transfere à música de Piazzolla toda a energia de um dos mais importantes compositores do século XX, numa poderosa
usina de sons valorizada pelos
arranjos e pela execução do Harmonitango.
Criado em 2010, o Harmonitango
já se apresentou em diversas salas de concerto do Rio de Janeiro, Petrópolis,
Teresópolis, Nova Friburgo, Brasília, Goiânia, Maringá, Londrina etc, sempre
com grande receptividade do público e da crítica especializada, e tem como seu
principal objetivo a divulgação da música de Piazzolla e também dos grandes
compositores brasileiros, sempre com arranjos feitos pelos próprios músicos.
Chamado de David Oïstrakh da harmônica pelo crítico
francês Oliver Bellamy e comparado aos músicos Andrés
Segovia e Mstislav
Rostropovich por sua atuação na
divulgação e construção da poética de uma harmônica brasileira pelo crítico Luiz Paulo Horta, José Staneck criou um estilo próprio onde variados elementos se fundem numa
sonoridade marcante. Desenvolve importante trabalho na área do ensino, e atualmente viabiliza um trabalho social de
inclusão cultural levando o ensino de
música através da gaita para
crianças em diversas localidades do Brasil. Atua com diferentes formações camerísticas, e já foi solista de diversas orquestras sinfônicas brasileiras e internacionais.
Ricardo Santoro é Mestre pela UFRJ e violoncelista da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Orquestra
Sinfônica da UFRJ. Faz parte do Duo Santoro, do Trio Aquarius e
do Trio Mignone, todos com intensa atuação no
cenário musical brasileiro. Com o
Trio Aquarius, participou de turnês pela Alemanha e Estados Unidos. Com o Duo Santoro,
se apresentou no Carnegie Hall de NY e na República Dominicana. Gravou os CDs “Bem
Brasileiro” e “Paisagens Cariocas”, com o Duo Santoro; “Trios Brasileiros” e “Peace to
the city”, com o Trio Aquarius; e “Francisco Mignone:
obras para flauta,
violoncelo e piano”, com o Trio Mignone”. É responsável pela primeira
audição mundial de alguns dos maiores
compositores brasileiros, tais como Edino
Krieger, João Guilherme Ripper e Ronaldo Miranda.
Sheila Zagury é
pianista, arranjadora e professora da UFRJ. Fez Bacharelado na UFRJ,
Licenciatura e Mestrado na UNI-RIO e Doutorado na UNICAMP, com tese a respeito
de choro nos anos 1990. Musicista de formação eclética, com passagem na música
erudita e no jazz, já atuou com vários artistas e grupos de renome como Eduardo
Dussek, Ângela Rorô, Rio Jazz Orchestra, UFRJazz, Daniela Spielmann, Neti
Szpilman e Marianna Leporace, e em numerosos espetáculos de teatro e shows em
todo o Brasil e no exterior. Desenvolve diversos trabalhos artísticos com
músicos, envolvendo choro, samba e jazz, tendo participado de vários shows e
gravado CDs dentro desses gêneros, como “Mulheres em Pixinguinha”, “São Bonitas
as Canções”, “Brasileirinhas” e “Orquestra Lunar”.
CD
“Harmonitango”
Gravadora: A CASA Discos
Distribuição nacional: Tratore
Preço
médio: R$30,00
Concertos de lançamento do CD:
7/10, sábado – Centro da Música Carioca
Horário: 19h30min
Rua Conde de Bonfim, 824 - Tijuca - Rio de Janeiro - RJ
(21) 3238-3831
Ingressos: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (estudantes e idosos) Capacidade: 159 pessoas
8/10, domingo – Cidade das Artes – Teatro de Câmara Horário: 17h
Ingressos: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (estudantes e idosos)
Endereço: Av. das Américas, 5300 - Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - RJ
Telefone: (21) 3325-0102
Capacidade: 450 pessoas
Programa dos concertos: Músicas de Astor Piazzolla
Violentango
Libertango
Meditango
La Muerte del Ángel
Milonga del Ángel
Resurrección del Ángel
Fuga y Misterio
Adiós Nonino
Primavera Porteña
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