Na difícil encruzilhada na qual se encontram autores de
romances, novelas e filmes para encontrar o tom de vilãs (aos) e mocinhas (os)
já que se discute o esgotamento do maniqueísmo bem/mau e a ainda fragilidade em
apresentar personagens próximos da vida real, eis que surge uma vilã
determinada e muito humana.
A Condessa Vitória (Irene Ravache), da novela
Além do tempo (trama de Elizabeth Jhin, com colaboração de Eliane
Garcia, Lílian Garcia, Duba Elia, Vinícius Vianna, Wagner de Assis e Renata Jhin;
conta com direção geral de Pedro Vasconcelos
e núcleo de Rogério Gomes; 18 hs,
na Globo) sofre as dores da solidão e das decisões centradas em seu
egoísmo; é uma mulher valente, emocional
e que não admite ser contrariada e finalmente esconde seus desejos e vontades
voluntariosas de afeto e carinho.
A Condessa é enfim um personagem bem definido, mas que
poderia estar em nosso cotidiano. A identificação bem como aquela repulsa
verdadeira que sentimos é algo natural e que faz da trama desta telenovela,
algo leve, mas muito bem construído. No capítulo de 13/08, ela se desespera de
saudade do filho que escondeu numa clínica para afastá-lo da amada, a quem a
Condessa nunca aceitou. O choro é verdadeiro e intenso.
No capítulo do dia seguinte, a mesma mulher de olhar
firme e gestos comedidos (que contrasta com a fala objetiva e forte) parte numa
missão de proteger o passado dos fantasmas do presente.
É outra mulher! Mas é a mesma mulher!
É disso que os leitores e apaixonados por novelas e
filmes querem ver nos personagens: a profundidade e as contradições humanas!
Aldo Moraes
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