domingo, 12 de abril de 2015

QUEM FOI MARINA MOURA PEIXOTO

    MARINA MOURA PEIXOTO (27/03/1917 – 26/02/1975)

    Pianista laureada, Musicóloga, Radialista e Produtora Musical da Rádio MEC. Morreu aos 57 anos. Nunca teve os méritos reconhecidos nem recebeu homenagens.

    Ela foi a produtora, na Radio MEC, dos programas “Atendendo Aos Ouvintes” ,” Em Resposta à Sua Carta”, “Música de Todos os Tempos” e “Música, Apenas Música" e "Quartetos”, responsáveis pela formação de muitos melômanos e músicos.

    Missa da Consagração, Marina Moura Peixoto: http://youtu.be/6i9R8F6Y7Q8

    Marina Moura Peixoto, Artista de Todos os Tempos: https://www.youtube.co/watch?v=fUzcjTFIo5c

     Fonte: facebook de Ricardo Tacuchian

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  2. MARINA MOURA PEIXOTO, ARTISTA DE TODOS OS TEMPOS por Fernando Moura Peixoto

    Marina Moura Peixoto chegou a ser comparada artisticamente a Magdalena Tagliaferro, a lendária e genial pianista brasileira. Menina prodígio, vocação e talento nato para a arte musical, assombrou plateias em todo o País – com pouco mais de três anos já dava recitais no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no Instituto Nacional de Música e na Associação dos Empregados do Comércio.

    Muito apropriadamente, à época, a mídia a chamava de “a pianista minúscula”, maneira encontrada para referendar sua grandeza musical com tão pouca idade. Um feito, aliás, comparável ao de Mozart, que, aos quatro anos começou a dedilhar suas primeiras grandes obras. E também Isaac Albéniz, que muito precocemente apresentou-se em público.

    Nascida Marina Quartin de Moura, em 27 de março de 1917, na Rua Lúcio de Mendonça, nº 30, na Tijuca, bairro nobre da zona norte do Rio de Janeiro, filha do capitão farmacêutico do Exército Eduardo José de Moura Filho, mineiro de Mariana, e da carioca Carmen Quartin Pinto de Moura, aos 17 anos ela já era consagrada pianista, com excursões em várias capitais nordestinas – Maceió, João Pessoa e Aracaju foram algumas incluídas em seu “tour” artístico. Em todas, sempre acompanhada de familiares - seu pai e os irmãos Mário e Gastão.

    O RECONHECIMENTO IMEDIATO DO TALENTO

    A propósito de suas apresentações, Zoroastro G. Figueiredo assim se referiu a ela em sua coluna de “A Tarde”, na Bahia, em agosto de 1934: “Nasceu lírica e as suas mãos, apaixonadas como sua alma, evocam, quais bailarinas místicas, ritmos polifônicos, esplendorosos e sublimes, grandiosos de pequenos infinitos de beleza e de emoção”.

    Outro entusiasta da obra de Marina foi L. Lavenére. Em sua coluna de “A Gazeta de Alagoas”, de 3 de agosto de 1935, ele assim registrou a passagem da pianista por Maceió: “Ficamos surpreendidos de sua virtuosidade, do seu elevado sentimento na interpretação de compositores de gêneros quase opostos, como Chopin e Villa Lobos”.

    Elogios sempre foram uma tônica a acompanhar a vida de Marina. Encantado com uma audição em Copacabana da então “pianista minúscula”, aos três anos e meio de idade, Dr. Rodrigues Barbosa, em “O Jornal”, reportou a apresentação da artista: “Ela é um assombro de precocidade artística. É um talento musical espontâneo e exuberante que irrompe desassombradamente”.

    O crítico ficara embevecido com o fato de Marina – era uma audição dos alunos da professora Matilde de Andrade Adamo – usando apenas uma das mãos, que alcançava somente uma quinta, executasse com tamanha maestria “Berceuse de La Poupée”, “Gavotte” e “Galop”, de Beaumont.

    Prossegue o Dr. Rodrigues Barbosa: “O som é um material que ela conhece sob todas as suas formas. Colocando-a de costas para o piano, formulam-se quaisquer acordes ‘plaqués’ e ela diz imediatamente os nomes das notas todas contidas nesses acordes, discriminando as suas alterações conforme as tonalidades. Até que altura subirá essa menina predestinada à celebridade e à glória?”

    O talento inconteste de Marina valeu-lhe mais um reconhecimento: recebeu, aos cinco anos, um piano de presente da mecenas Laurinda Santos Lobo, como estímulo para aperfeiçoar-se. E, aos 15 anos, em 1932, agora aluna da professora Dulce de Saules, a consagração: conquistou, por unanimidade de votos, a Medalha de Ouro em concurso da Escola Nacional de Música. Tocou, na ocasião, um concerto de Grieg.

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  3. A UNIÃO PERFEITA COM PERILO GALVÃO PEIXOTO

    A paixão pela música a fez encontrar outra grande paixão em sua vida, o baiano Perilo Galvão Peixoto (1913 – 2002): por ele, abandonou a carreira brilhante de pianista. Médico, depois jornalista e radialista, amante da música erudita, Perilo foi um dos pioneiros na divulgação da ópera no Brasil com o programa “Ópera Completa”, exibido na então poderosa Rádio Ministério da Educação e Cultura – era um dos líderes de audiência na emissora e chegava a rivalizar no horário, aos domingos, com a televisão.

    Marina viveu toda sua vida com Perilo. Do casamento, que teria completado 70 anos em 26 de maio de 2005 – a cerimônia de núpcias celebrou-se na Matriz de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema – teve dois filhos: Fernando José e Teresa Cristina.

    A dupla Perilo-Marina começou a ser formada a partir de apresentação de uma amiga comum, a paraibana Miosótis de Albuquerque Costa, que costumava se hospedar nas casas - bem próximas - das duas famílias, em Copacabana. De um namoro ainda incipiente, a paixão seria consolidada dias depois da execução do Concerto em Lá Maior de Grieg, na Escola Nacional de Música. Embevecido com a arte de Marina – Perilo era um profundo apreciador de música erudita – ele acabou tocando definitivamente no coração da pianista.

    A irmã de Perilo, a alagoana Zurica Galvão Peixoto (1914 – 2005), contou: “Ele ficou tão entusiasmado com a performance que lhe enviou uma linda ‘corbeille’, entregue no palco, em homenagem. Foi então que o namoro decolou e acabou se transformando numa grande paixão”.

    SUA ATUAÇÃO NA PRA-2

    Marina tinha múltiplas facetas artísticas. Em 1942 ingressou na Rádio Ministério da Educação e Cultura, PRA-2, hoje Rádio MEC. Produziu, sempre com estrondoso sucesso, os programas “Atendendo aos Ouvintes”, “Em Resposta a Sua Carta”, “Música de Todos os Tempos”, “Música, Apenas Música” e “Quartetos”. Lá também compartilharia a devoção musical com o marido Perilo Galvão Peixoto, que comandou, de 1953 a 1956, aquele que é considerado o mais antigo programa do rádio brasileiro, “Ópera Completa”. Ainda nos anos 1950, Marina Moura Peixoto colaborou eventualmente com artigos sobre música, publicados no jornal “Diário de Notícias”.

    Foi nos estúdios da Rádio MEC que o fotógrafo Manuel Ribeiro – documentarista, diretor, montador e chefe da seção técnica do Departamento do Filme Educativo do INCE, colaborador do mineiro Humberto Mauro – cravou as melhores fotos do casal Perilo e Marina, antes e depois do matrimônio. Outros cliques também seriam feitos, agora, com os filhos pequenos Fernando e Teresa.

    A “intelligentsia” carioca prestigiava a pianista. O jornalista Fernando Segismundo relatou as incontáveis “canjas”, apenas com músicas do cancioneiro brasileiro, que Marina oferecia, nos estúdios da Rádio MEC, a um seleto público que incluía intelectuais do porte de Humberto Mauro, Edgar Roquette-Pinto, Heitor-Villa Lobos, Fernando Tude de Souza e o grande pianista Max de Menezes Gil.

    “- Marina e Perilo Peixoto extravasavam cultura e conhecimento. De famílias ilustres, completavam-se, numa interação mais que perfeita” - sentenciou Fernando Segismundo, ex-presidente da Associação Brasileira de Imprensa, ABI.

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  4. Figura destacada, numa homenagem da Rádio MEC a Mário de Andrade - poeta, crítico literário, musicólogo e folclorista -, em 1963 Marina Moura Peixoto (já na chefia da Seção de Programação, SPI) foi a escolhida para depositar flores ao pé do busto do literato, na Praça do Russel, na Glória, em seguida a uma cerimônia religiosa na Igreja da Candelária.

    O LEGADO DE MARINA MOURA PEIXOTO

    Marina Quartin de Moura - ainda solteira - realizou concertos beneficentes promovidos pelas senhoras da sociedade Gabriella Besanzoni Lage, Violeta Coelho Netto de Freitas (cantoras líricas), Roquelina Salvador, Laura Alvim, Alzira Brandão e D. Darcy Vargas (a primeira-dama do País), e por Henrique Dodsworth, prefeito da então Capital Federal. Como todo grande artista, Marina soube compartir sua arte e deu aulas de piano para jovens iniciantes. Durante toda a vida nunca se esqueceu da grande mestra, amiga e professora Dulce de Saules, com ela mantendo contatos regulares e trocando ideias sobre o amor maior de sua vida: a arte da música.

    A veia musical de Marina parece ter sido despertada assim que nasceu. Tinha um tio, médico pediatra, pianista e boêmio, Jayme Quartin, que tocava músicas clássicas e populares, e era amigo de Ernesto Nazareth, frequentador da casa dos Quartin, na Tijuca. Polivalente, o tio Jayme gostava de se apresentar ao piano em gafieiras. Além dele, as irmãs de Marina, Maria Solange, pianista, e Carmita, violinista, também contribuíram para incutir a arte naquela que seria a maior artista da família, composta por oito irmãos.

    Como tudo em Marina terminava em música, acrescentou-se uma irmã de criação, nascida em 1935 - já na Av. N.S. de Copacabana, nº 1145 -, Thereza da Conceição. Afro-brasileira e dedicada ao violão, foi discípula de Dilermando Reis, João Pereira, Othon Salleiro, Garoto e Luiz Bonfá. Presença constante no auditório da Rádio Nacional, ela conquistou várias notas máximas no programa de Ary Barroso. Exímia violonista, Thereza incursionou pelo erudito. Afilhada de batismo e de casamento de Marina, e sua única irmã viva - foram grandes amigas -, Thereza da Conceição Gomes Martins é viúva de Justo Gomes Martins Neto, o “Paulistinha”, notável no violão, violão tenor, banjo americano, cavaquinho e bandolim, um dos fundadores do grupo inicial dos “Demônios da Garoa”. Aos 80 anos, uma das poucas mulheres violonista de “sete cordas” no País, Thereza Martins - verbete no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira - está em franca atividade: toca e compõe.

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  5. A obra de Marina Moura Peixoto – que partiu num entardecer musical de 26 de fevereiro de 1975, dias antes do Carnaval – e seu virtuosismo ficam para sempre. Pois, na opinião do jornalista Antonio Castigliola (1951 – 2010) - corredator deste texto –, “Marina soube entender, como ninguém, que ao artista cabe exprimir não só o que é de todos os homens, mas também o que é de todos os tempos. Marina Moura Peixoto é uma artista de todos nós, de todos os tempos”.

    MARINA NO MUSEU DA PESSOA

    A pianista Marina Moura Peixoto - que cumpriu fielmente o lema de Edgar Roquette-Pinto, trabalhando “pela cultura dos que vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil” e não teve os méritos reconhecidos nem recebeu homenagens – integra hoje o Museu da Pessoa, em São Paulo, com biografia, fotos e vídeo.

    http://www.museudapessoa.net/pt/conteudo/historia/marina-moura-peixoto-artista-de-todos-os-tempos-104098

    Na trilha sonora, “Carrossel” e “Entardecer no Bosque”, gravações raras de Marina Moura Peixoto, registradas em disco de acetato de 78 RPM, nos anos 1940, conservado e recuperado pelo filho da pianista.

    Marina Moura Peixoto, Artista de Todos os Tempos
    Meu vídeo em http://youtu.be/fUzcjTFIo5c


    Atenciosamente, Fernando Moura Peixoto (ABI 0952-C)




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  6. Fernando Moura Peixoto, obrigado pela contribuição.

    Sempre que quiser divulgar a vida e obra de Marina Moura Peixoto, pode nos contatar pelo email: infoartebrasil@yahoo.com.br

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  7. MISSA DO CENTENÁRIO DA PIANISTA MARINA MOURA PEIXOT0 (1917 – 1975) por Fernando Moura Peixoto

    “A memória do mundo é curta como a vida do homem.”
    FAUSTO WOLFF (1940 – 2008)

    A família Peixoto vem convidar a todos para a celebração da MISSA DO CENTENÁRIO de sua inesquecível MARINA MOURA PEIXOTO (1917 – 1975) – pianista, musicóloga e radialista carioca – a ser realizada no dia 27 de março, segunda-feira, às 18 horas, na Igreja Matriz de São João Batista da Lagoa – a mais antiga da zona sul do Rio de Janeiro (1809) – localizada na Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo.

    Centenário Marina Moura Peixoto 1917 - 1975 - YouTube
    https://www.youtube.com/playlist?list=PLZ9oDq8nKRs8hXs6WE865Ccfnr0alemu5
    1. Em cache
    Centenário Marina Moura Peixoto 1917 - 1975 ... Marina Moura Peixoto, Artista de Todos os Tempos ... Marina Moura Peixoto, Missa da Consagração.

    Registros raros da laureada pianista Marina Moura Peixoto no ano do centenário de nascimento – 27 de março de 2017 – estão disponíveis em vídeos postados no You Tube por seu filho Fernando Moura Peixoto (1946-), jornalista.

    Musicóloga, radialista, orientadora e produtora musical, dedicada funcionária da extinta Rádio Ministério da Educação e Cultura – de 1941 a 1974 –, onde muito honrou o lema de Edgar Roquette-Pinto (1884 – 1954), “trabalhando pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil”.

    Faleceu em 26 de fevereiro de 1975, aos 57 anos de idade, vitimada por um câncer no estômago. Nunca teve os méritos reconhecidos nem recebeu homenagens. À exceção de Ricardo Cravo Albin (1943-) e Lauro Gomes Pinto (1940-), que, em 2015 – quarenta anos depois de sua morte –, lhe dedicaram um programa radiofônico cada um. E ainda o maestro Ricardo Tacuchian (1939-), que divulgou a biografia de Marina no Facebook.

    Ainda em 2015, o saudoso jornalista Antonio Castigliola (1951 – 2010) realizou uma série de reportagens sobre a vida e obra da musicista Marina Moura Peixoto, em seu jornal FOLHA DA PRAIA.

    E afirmou que “o passado só tem sentido quando vivo. O verdadeiro passado não é aquilo que não existe mais. É aquilo que conserva um sentido para as nossas vidas de hoje”.

    “Pois ‘memórias’, como já dizia Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990), ‘nada mais são que a reelaboração de um mundo extinto, mas nem por isso menos real’.”

    Em 1932, aos quinze anos, por unanimidade de votos, Marina Quartin de Moura (nome de solteira) conquistou o Primeiro Prêmio, Medalha de Ouro, no Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ. A trajetória brilhante de Marina Moura Peixoto, desde a infância (com menos de quatro anos já se apresentava em público) – “minúscula pianista” ou “criança prodígio”, como era chamada pela mídia à época – merece e deve ser transmitida às novas gerações.

    “Marina Moura, filha do Sr. Eduardo de Moura, é uma mimosa e excepcional pianista carioca que tem pasmado assistentes entendidos, em recitais que vem realizando desde os 4 anos de idade na Associação dos Empregados no Comércio, no Teatro Municipal e no Instituto Nacional de Música, do Rio de Janeiro, conquistando sucessivos triunfos.” ‘PIANISTA MINÚSCULA’, O BEIJA-FLOR, ano X, número 7, 1ª quinzena de abril de 1924.

    “As mulheres em geral são apagadas da memória, e, depois, da História.” – DORIS LESSING (1919 – 2013)

    “As mulheres em geral são apagadas da memória, e, depois, da ...
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    Fernando Moura Peixoto
    - “As mulheres em geral são apagadas da memória, e, depois, da História.” – DORIS LESSING (1919 – 2013)

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  8. RÁDIO MEC HOMENAGEIA A PIANISTA MARINA MOURA PEIXOTO NO ANO DE SEU CENTENÁRIO

    A produtora musical Carina Amorim apresentará um programa “Música e Músicos do Brasil” inteiramente dedicado à pianista e radialista Marina Moura Peixoto (1917-1975), na terça-feira, dia 28 de março, às 22h, na MEC FM, e às 23 h, na MEC AM.

    Fernando Moura Peixoto (ABI 0952-C)

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