Em cima, da esquerda para a direita: Teatro Amazonas, barragem do Cedro em Quixadá e Forte São João Batista do Brum, no Recife (PE). Embaixo, da esquerda para a direita: geoglifos do Acre, Sítio Roberto Burle Marx e Itacoatiaras do Rio Ingá. (Fotos: Iphan) |
31.3.2015 - 17:14
Mais seis bens culturais foram incluídos pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na Lista
Indicativa Brasileira do Patrimônio Mundial em 2015. Poderão ser
futuramente apresentados ao Comitê do Patrimônio Mundial, os geoglifos
do Acre, os teatros da Amazônia, as Itacoatiaras do Rio Ingá, a
Barragem do Cedro nos Monólitos de Quixadá, o Sítio Roberto Burle Marx e
o Conjunto de Fortificações do Brasil para serem avaliados e receberem o
título de Patrimônio Mundial.
Na última
atualização da Unesco, em 2014, três bens culturais brasileiros haviam
sido incluídos na lista, juntamente com outros 18 bens naturais e
culturais: Cais do Valongo (Rio de Janeiro/RJ), a Vila Ferroviária de
Paranapiacaba (Santo André/SP) e o mercado Ver-o-Peso (Belém/PA). Agora a
Lista Indicativa brasileira tem 24 bens no total.
A Lista é composta pela indicação de bens culturais, naturais e
mistos, apresentados pelos países que ratificaram a Convenção do
Patrimônio Mundial da Unesco. Essa iniciativa pode ensejar a
participação de gestores de sítios, autoridades locais e regionais,
comunidades locais, ONGs e outros interessados na preservação do
patrimônio cultural e natural do país.
Conheça os novos bens culturais brasileiros inscritos na Lista Indicativa do Patrimônio Mundial:
Geoglifos do Acre (Acre):
trata-se de estruturas de terra escavadas no solo e formadas por
valetas e muretas que representam figuras geométricas de diferentes
formas. Foram encontrados na região sudoeste da Amazônia ocidental, mais
predominantemente na porção leste do estado do Acre, estando
localizados em áreas de interflúvios, nascentes de igarapés e várzeas.
As pesquisas arqueológicas nessas áreas, ainda que esparsas, dão conta
de informações importantes sobre o manejo da paisagem amazônica por
grupos indígenas que habitaram a região entre, aproximadamente, 200 AC –
1300 DC e sugerem um novo paradigma sobre o modelo de ocupação da
Amazônia por densas sociedades pré-coloniais.
Teatros da Amazônia (Amazonas e Pará):
construídos em finais do século XIX, os Teatros Amazonas, em Manaus, e
da Paz, em Belém, são expressivos monumentos implantados nos dois
maiores centros urbanos da região amazônica como símbolos do apogeu
econômico alcançado e representado por um modelo de civilidade
europeizada reproduzido nos trópicos em função do auge do Ciclo da
Borracha na América do Sul.
Itacoatiaras do Rio Ingá (Paraíba):
localiza-se na zona rural do Município de Ingá, a 105 km de distância
da cidade de João Pessoa (PB). As primeiras manifestações de arte
rupestre na Região Nordeste do Brasil são anteriores a 10.000 A.C. e,
apesar dos escassos estudos sobre essas populações pré-históricas,
constata-se a produção de uma arte expressiva de gravura rupestre com
elevada capacidade técnica. O sítio das Itacoatiaras do Rio Ingá
congrega o mais representativo conjunto conhecido desse tipo de gravura
no Brasil, que se notabiliza pelo uso quase exclusivo de representações
não figurativas na composição de grandes painéis de arte rupestre,
exprimindo o gênio criativo de um grupo humano que se apropriou de
padrões estéticos abstratos como forma de expressão e, possivelmente, de
conceitos simbólico-religiosos, diferentemente de outras culturas que,
em sua maioria, utilizaram-se de representações antropomórficas e
zoomórficas.
Barragem do Cedro nos Monólitos de Quixadá (Ceará):
a Barragem do Cedro, com sua parede em arco de alvenaria de pedra, foi a
primeira grande obra hidráulica moderna do continente sul-americano e
uma das construções pioneiras do seu tipo e do seu porte no mundo. Para
além de sua funcionalidade de represamento d'água para irrigação, sua
implantação, seu desenho e seu esmero de execução resultaram em uma
paisagem de beleza ímpar, combinando arrojo e elegância, monumentalidade
e singeleza, em uma simbiose entre o engenho humano e os monólitos que
dão uma característica singular à natureza local.
Sítio Roberto Burle Marx – SRBM (Rio de Janeiro):
compreendido como obra de arte, o SRBM espelha, de forma notável, a
cultura, a energia criadora e a preocupação científica de Roberto Burle
Marx, cuja obra, ao produzir o conceito moderno de jardim tropical,
constituiu um paradigma especial no âmbito do movimento modernista
brasileiro. Trata-se de um referencial de paisagem construída, um
testemunho vivo da mudança do conceito europeu de jardim com rigor
formal da composição geometrizada para o conceito de modernidade do
jardim tropical como manifestação artística.
Conjunto de Fortificações do Brasil (AP, AM, RO, MS, SP, SC, RJ, BA, PE, RN):
o conjunto de fortificações do Brasil apresenta-se como um testemunho
material único de um contato produzido entre diferentes culturas do
Velho e do Novo Mundo. As fortificações, edificadas em resposta a esses
contatos, marcam o sucesso de uma fórmula singular de ocupação do
território, em que os moradores do Brasil tiveram um papel mais
fundamental do que a ação dos governos das metrópoles do Velho Mundo, ao
contrário do que ocorreu em outras colônias europeias no resto do
mundo.
As construções feitas com o objetivo de
garantir a posse e a segurança dos novos territórios formam um conjunto
sem semelhança a outros sistemas fortificados edificados no mesmo
período em outros lugares do mundo, tendo um importante papel na
ocupação territorial da América do Sul. Estão incluídos a Fortaleza de
São José, em Macapá (AP); o Forte Coimbra, em Corumbá (MS); o Forte de
Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO); a Fortaleza dos Reis Magos, em
Natal (RN); o Forte de Santa Catarina, em Cabedelo (PB); o Forte de
Santa Cruz (Forte Orange), em Itamaracá (PE); o Forte São João Batista
do Brum, no Recife (PE); o Forte São Tiago das Cinco Pontas, no Recife
(PE); o Forte de Santo Antônio da Barra, em Salvador (BA); o Forte São
Diogo, em Salvador (BA); o Forte São Marcelo, em Salvador (BA); o Forte
de Santa Maria, em Salvador (BA); o Forte de N. S. de Montserrat, em
Salvador (BA); a Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em Niterói (RJ); a
Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro (RJ); a Fortaleza de Santo
Amaro da Barra Grande, em Guarujá (SP); o Forte São João, em Bertioga
(SP); a Fortaleza de Santa Cruz de Anhantomirim, em Governador Celso
Ramos (SC); e o Forte de Santo Antônio de Ratones, em Florianópolis
(SC).
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura
Com informações do Iphan
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