Foto: Mário Luiz Thompson
Orlando Garcia da Silva nasceu no Rio de Janeiro RJ em
03 de Outubro de 1915. 0 pai, José Celestino da Silva, tocou violão em uma das
formações do conjunto Oito Batutas e era operário das oficinas da Estrada de Ferro
Central do Brasil, no subúrbio de Engenho de Dentro; morreu da gripe espanhola, deixando
o filho com três anos. Estudou nas escolas Padre Antônio Vieira, Visconde de Caxias e
depois na Nossa Senhora das Dores, mas logo precisou trabalhar para continuar os estudos.
Dos 14 aos 16 anos, foi aprendiz de cortador de sapatos e trabalhou no comercio. Mais
tarde, conseguiu empregar- se como cobrador de ônibus. Desde pequeno, gostava de cantar e
sempre carregava folhetos de modinhas, no bolso ou dentro dos cadernos de escola. Nunca
chegou a estudar música ou canto.
Em 1934, o compositor Bororó apresentou-o
a Francisco Alves, que o convidou a cantar em seu programa na Rádio Cajuti. Nesse ano
gravou seu primeiro disco, na Columbia, com o samba Olha a baiana (Kid Pepe e
Germano Augusto) e a marcha Ondas curtas (Kid Pepe e Zeca Ivo), músicas lançadas
no Carnaval de 1935. Em março de 1935, passou a atuar na Rádio Transmissora. No mesmo
ano, por intermedio de Francisco Alves, assinou contrato com a Victor, onde seu primeiro
disco trazia No quilometro 2 (J. Aimbere) e o samba Para Deus somos iguais
(J. Cascata e Jaime Barcelos). Nesse mesmo ano, já havia gravado as músicas Lagrimas
e Última estrofe (ambas do compositor Índio), que foram lançadas num disco de
numeração posterior. Nessas gravações, foi acompanhado por um conjunto regional
integrado por Pereira Filho (violão), Luís Bittencourt (violão) e Luperce Miranda
(bandolim).
Em 1936 participou do filme Cidade-mulher, da Brasil-Vita,
interpretando a marchinha de Noel Rosa que deu titulo ao filme. Também em 1936,
participou da inauguração da Rádio Nacional, interpretando, com sucesso, Caprichos
do destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz). Foi o primeiro cantor a ter um programa
exclusivo nessa emissora, com o qual obteve enorme popularidade. De 1936 são suas
gravações de Chora, cavaquinho (Dunga), Orgia (Valdemar Costa e Valdomiro
Braga), Dama do cabaré (Noel Rosa), entre outras. Em 1937 foi a São Paulo SP pela
primeira vez e apresentou-se na sacada do Teatro Colombo, no bairro paulista do Brás,
onde se reuniram 10 mil pessoas para ouvi-lo. Foi nessa ocasião que o locutor Oduvaldo
Cozzi lhe atribuiu o cognome de 0 Cantor das Multidões. Nesse mesmo ano, gravou na Victor
um de seus grandes sucessos, Lábios que beijei (J. Cascata e Leonel Azevedo). Foi
o primeiro cantor a interpretar Carinhoso (Pixinguinha, com letra que João de Barro
colocou para ele gravar). Também em 1937 lançou a valsa Rosa (Pixinguinha),
Boêmio (Ataulfo Alves e J. Pereira), Juramento falso (J. Cascata e Leonel Aze-
vedo), o samba Rainha da beleza (Ataulfo Alves e Jorge Faraj), o fox A ultima
canção (Guilherme A. Pereira), Alegria (Assis Valente e Durval Maia). Em 1938
participou do filme Banana da terra, dirigido por J. Rui, interpretando a
marchinha A jardineira (Benedito Lacerda e Humberto Porto), que foi grande sucesso
no Carnaval de 1939.
Para o Carnaval de 1938 lançou Abre a janela (Arlindo Marques
Júnior e Roberto Roberti). Entre outras, ainda em 1938, gravou Não beba mais
(Roberto Martins e Bide), o samba Meu romance (J. Cascata), a valsa Musa
(Antônio Caldas e Celso de Figueiredo), o samba Eu sinto uma vontade de chorar
(Dunga), Pagina de dor (Índio e Pixinguinha), o samba Agora é tarde
(Sinval Silva) e o fox-canção Nada além (Custodio Mesquita e Mário Lago), que
obteve grande êxito. Quatro lançamentos seus receberam prêmios em 1939: A
jardineira, Meu consolo é você (Nássara e Roberto Martins), História antiga
(Nássara e J. Cascata) e o samba O homem sem mulher não vale nada (Arlindo
Marques Júnior e Roberto Roberti). Do mesmo ano são a valsa Número um
(Benedito Lacerda e Mário Lago) e o tango Por ti eu me rasgo todo (versão de
Osvaldo Santiago). No Carnaval de 1940, lançou a marcha-rancho Mal-me-quer (Newton
Teixeira e Cristóvão de Alencar), e gravou, na Victor, inúmeras canções, entre as
quais Perdoar é para Deus (Ari Frazão e Sebastião de Figueiredo), Coqueiro
velho (Fernandinho e José Marcílio), a marcha Carioca (Arlindo Marques
Júnior e Roberto Roberti), o samba A primeira vez (Bide e Marçal), Desilusão
(J. Cascata e Leonel Azevedo) e o fox Nana (Custódio Mesquita e Geysa Bôscoli).
Em 1941 gravou Sinhá Maria (Rene Bittencourt), Lagrimas de homem (J.
Cascata), A voz do povo (Francisco Malfitano e Frazão), e, em 1942, Rosinha
(Heber de Bôscoli e Mário Martins), e também gravou, para ser lançado no Carnaval,
Lero-lero (Benedito Lacerda e Roberto Roberti). Nesse ano gravou ainda Aos pés da
cruz (Marino Pinto e Zé da Zilda), Mágoas de caboclo (J. Cascata e Leonel
Azevedo) e Quero dizer-te adeus (Ary Barroso), e foi a Fortaleza CE, onde
participou da inauguração das ondas curtas da Ceará Rádio-Clube. Em 1943 transferiu-se
para a Odeon, onde lançou Podes mentir (Georges Moran e Aldo Cabral), a valsa
Olhos magos (Dante Santoro) e o samba Noutros tempos... era eu (Ataulfo Alves).
Em 1944, afastou-se dos palcos, continuando a fazer programas de rádio no Rio de Janeiro,
em São Paulo e em Belo Horizonte MG. Nesse ano, entre outras, gravou o samba Louco
(Wilson Batista e Henrique de Almeida), Há sempre alguém (Custódio Mesquita) e o
samba Atire a primeira pedra (Mário Lago e Ataulfo Alves), que fez sucesso
estrondoso no Carnaval. Em 1945, ainda na Odeon, gravou o hino Canção do trabalhador
brasileiro (Abdon Lira e Léia Lira). No ano seguinte, participou do filme da
Atlântida Segura essa mulher, dirigido por Watson Macedo, interpretando a marcha
Seja lá o que Deus quiser (J. Cascata e Leonel Azevedo). Também nesse ano,
realizou varias gravações na Odeon, entre as quais as das músicas Um pracinha
na Itália (Pedro Caetano e Claudionor Cruz) e Só uma louca não vê (Lauro
Maia e Humberto Teixeira). Ainda em 1946 deixou a Rádio Nacional.
Em 1947, ano de seu
casamento, lançou pela Odeon, entre outras gravações, a marcha Argentina (Newton
Teixeira e Wilson Batista), a marcha Mulher-sensação (José Batista e Irani
Ribeiro), Abigail (Wilson Batista e Orestes Barbosa) e Saudade (Dorival
Caymmi). Em 1948 e 1949, gravou, na Odeon, a valsa Maldito amor(Georges Moran e
Cristóvão de Alencar), Flor-mulher (Alfredo Ribeiro e Paulo Barbosa),
Recordação... saudade (Dorival Caymmi), o bolero Pecadora (versão de Geber
Moreira), o samba A que ponto chegaste (J. Cascata e Leonel Azevedo).
Em 1951 transferiu-se para a Copacabana, gravadora em que permaneceu
ate 1955. Em 1951 gravou, entre outras, a marcha Não me importa que a tábua rache
(Lis Monteiro e J. Piedade), o fox Sempre te amei (Maugeri Sobrinho e Maugeri Neto)
e Tenho ciúme (Rene Bittencourt). Em 1953, um concurso da Revista do Rádio
o elegeu Príncipe do Disco. Nesse mesmo ano, lançou Aquela mascarada (Ciro
Monteiro e Dias Cruz), Exaltação à cor (Ataulfo Alves), Risque (Ary
Barroso) e Escravo do amor (J. Cascata, Leonel Azevedo e Lilian Fernandes).
Em 1954 conquistou o titulo de Rei do Rádio. Nessa época, fazia o
programa Doze Badaladas, levado ao ar ao meio-dia, com grande audiência. Em 1955 retornou
a Odeon, na qual permaneceu ate 1959. Obteve sucesso no Carnaval de 1958 com Eu
chorarei amanhã (Raul Sampaio e Ivo Santos). Reconquistou definitivamente a
popularidade com o lançamento pela Victor do LP Carinhoso, revivendo todos os
antigos sucessos.
Gravou, ainda em 1959, o LP Última estrofe. Em 1960, novamente
na RCA Victor, lançou o LP Por ti e, no ano seguinte, o LP Quando a saudade
apertar. Em 1962 gravou o LP Sempre sucesso. Incluindo músicas de Taiguara,
Antônio Carlos e Jocafi, Edu Lobo, Torquato Neto e Gilberto Gil, em 1975 lançou pela RCA
Victor o LP Hoje, completando 40 anos de carreira artística. Em 1995 a BMG lançou
caixa com três CDs, Orlando Silva, o Cantor das Multidões, com gravações
originais de 1935 a 1942.
Faleceu no Rio de Janeiro em 07 de Agosto de 1978.
Biografia:
Enciclopédia
da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha
Art Editora e PubliFolha
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