segunda-feira, 16 de março de 2015

AGENDA AFRO: REVOLTA DO QUEIMADO

No ano de 1845, com o intuito de construir um templo religioso no distrito de Queimado – na época, pertencente à capital do Espírito Santo, Vitória – o frei italiano, Gregório Maria de Bene, sem recursos para isso, convocou toda a população da cidade para o trabalho de levantar sua tão sonhada igreja.



O distrito de Queimado era um pequeno porto comercial no qual chegavam muitos carregamentos de café e outros alimentos provindos da cidade de Santa Leopoldina.


Aproveitando-se disso, o vigário chamou pobres e ricos, brancos e pretos para ajudarem na construção de seu templo, carregando nos ombros pedras, areia e madeiras. Mas para isso, fez uma promessa especial ao negros: no dia da inauguração da obra, os escravos que o tivessem ajudado receberiam a carta de alforria.



Entusiasmados com tamanha dádiva que receberiam, os escravos trabalharam dedicados, movidos pelo cântico da liberdade. Durante um ano, aos domingos, noites de luar e nas horas de folga lá estavam eles, erguendo as estruturas de seus próprios sonhos: a liberdade.



No entanto, ao chegar o dia da inauguração do templo, 19 de março de 1849, após ouvirem com grande ânimo a missa do frade, os escravos esperavam o cumprimento da promessa. Mas o sonho lhes foi negado.



O fato demonstrou uma forte organização dos escravos que mesmo subjugados ao domínio dos brancos, reagiu e exigiu aos gritos a tão sonhada liberdade. A Revolta do Queimado durou até a prisão de Elisiário, um dos líderes do Movimento, cinco dias depois de seu início.



Em 2 de junho de 1849, o júri sentenciou à forca cinco dos líderes da revolta, absolveu seis e condenou 25 à açoites, faltando quatro foragidos a serem julgados. Um dos líderes, Chico Prego, não temia a morte, pois dizia que não cometera crime algum. Atribuía como culpado pela sua desgraça o Reverendo Gregório de Bene por prometer liberdade logo após a conclusão da igreja. Chico Prego foi executado no dia 11, no município da Serra

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