Os materiais reciclados estão presentes na nova montagem da ópera La Cenerentola (A Cinderela), que estreia dia 15 de março no Theatro São Pedro, equipamento da Secretaria de Estado da Cultura. Os cenários utilizam produtos como papelão e refugo de tecidos da região do Bom Retiro, recolhidos por carroceiros.
A concepção cênica é do italiano Davide Garattini, que optou pela casa da Cinderela feita somente com materiais reciclados, em oposição à luz e ao luxo do palácio do príncipe. “Utilizamos materiais descartados, transformando o lixo em um cenário repleto de texturas. As flores e borboletas, por exemplo, são feitas com garrafas pet por uma ong que ajuda pessoas desempregadas e moradores de rua, com sede nas imediações do Theatro São Pedro”, comenta Garattini. A concepção dos cenários conta ainda com a participação do IED – Istituto Europeo di Design.
Segundo o diretor artístico do Theatro São Pedro e regente da ópera, maestro Emiliano Patarra, a iniciativa faz parte da política de responsabilidade social do Theatro, de envolver a comunidade nas atividades e aproximar a população e instituições do Centro da cidade.
O Clube de Mães do Brasil é uma ong que tem como objetivo “qualificar profissionalmente pessoas em situação de vulnerabilidade social, atribuindo-lhes um ofício, transformando mãos que pedem em mãos que fazem”. É o que nos conta a fundadora e presidente da ong, Maria Eulina Hilsenbeck.
Na ong, pessoas desempregadas e moradores de rua trabalham em vários projetos, como a produção de sacolas para grandes empresas e a seleção de alimentos no Mercado Municipal da Cantareira. Além do atelier de costura no centro de São Paulo, produções são enviadas para grupos de mães na periferia de São Paulo. Maria Eulina comenta que “as costureiras e eu estamos ansiosas para assistir pela primeira vez a uma ópera, ainda mais sabendo que o resultado do nosso trabalho estará no palco”.
Maria Eulina nasceu no Maranhão e cresceu em uma fazenda de sua família. Após brigar com o pai pelos direitos dos empregados da fazenda saiu de casa e se mudou para São Paulo, onde, sem emprego, chegou a morar nas ruas por 19 meses. Como moradora de rua ela seguiu suas próprias regras. “não beber, não me drogar, não me prostituir, não pedir esmola. A autoestima cai quando você estende a mão para pedir. Eu não era da rua, eu estava na rua e iria sair dela”, conta Maria Eulina. Após conseguir um emprego ela se casou com um empresário bem-sucedido, de quem hoje é viúva, mas a mudança de vida não a fez esquecer as ruas. Em 1997 ela abriu o Clube de Mães do Brasil. “Para ajudar a pessoa a se levantar, você não pode ter pena, precisa dar oportunidade”, conclui Maria Eulina.
A ópera La Cenerentola foi composta por Gioacchino Rossini em apenas três semanas e estreou em Roma em 1817. Com participação da Orquestra do Theatro São Pedro e coro, regidos por Emiliano Patarra, no elenco desta montagem estão a mezzo-soprano italiana Loriana Castellano como (Angelina – a Cinderela); o tenor uruguaio Leonardo Ferrando (Don Ramiro), o barítono Homero Velho (Dandini), os baixos Bruno Praticò (Don Magnifico) e Carlos Eduardo Marcos (Alidoro), a soprano Edna D’Oliveira (Clorinda) e a mezzo-soprano Ednéia de Oliveira (Tisbe). A regência do coro está a cargo de Dálete Alécio.
Serviço:
LA CENERENTOLA (A Cinderela)
15, 17, 19*, 21, 23, 24* e 25 de março
Horário: 20h30; aos domingos, 17h
Dramma giocoso em dois atos de Gioachino Rossini
Montagem comemorativa pelos 15 anos da reinauguração do Theatro São Pedro
Emiliano Patarra direção musical e regência
Dálete Alécio regente do coro
Davide Garattini direção cênica, concepção dos cenários, figurinos e iluminação
Istituto Europeo di Design – IED concepção e realização dos figurinos
Alexandre Thallinger realização dos cenários
Loriana Castellano mezzo-soprano (Angelina)
Leonardo Ferrando tenor (Don Ramiro)
Homero Velho barítono (Dandini)
Bruno Praticò baixo (Don Magnifico)
Carlos Eduardo Marcos baixo (Alidoro)
Edna D’Oliveira soprano (Clorinda)
Ednéia de Oliveira mezzo-soprano (Tisbe)
* Elenco de cantores da Academia de Ópera do Theatro São Pedro e convidados
Ingressos:
Plateia R$ 60
Primeiro balcão R$ 30
Segundo balcão R$ 20
Meia-entrada para estudantes e pessoas com mais de 65 anos
Fundado em 1998, o Instituto Cultural Arte Brasil é uma OSC cultural com ações e projetos na cultura, esportes, meio ambiente e cidadania. Tem reconhecimento do Sesc, Minc, Rock In Rio, CESE, Itaú Social, Cenpec, Unicef, Instituto RPCom e Febrafite. Atuante na defesa, pesquisa e difusão da cultura brasileira, realiza ações arte-educativas e de combate ao racismo com adolescentes e jovens em conformidade com a Lei nº 10.639/2003 osc.artebrasil@gmail.com https://www.instagram.com/batuque_nacaixa/
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