quinta-feira, 12 de maio de 2022

ENTREVISTA DE JOANA PEREIRA PARA O BLOG ARTE BRASIL

Joana Pereira é autora do Blog “Tem juízo, Joana!”. Iniciou o seu percurso na escrita quando despoletou a Pandemia mundial. Fisioterapeuta e escritora portuguesa, de Lisboa, com uma identidade que atravessa cores, ritmos, dança, música e, claro, palavras. A paixão pela escrita cresceu nos postais de aniversário e de Natal que oferecia às pessoas que amava. Havia sempre aquele momento em que toda a gente fazia silêncio para se ler em voz alta o que escrevia. Mais tarde, na adolescência com os triviais diários, os poemas que escrevia quando sofria de desgostos amorosos. Atualmente, acredita que é na escrita que se torna mais consciente, processando aprendizagens. Um espaço criado para florescer e conectar-se com o seu eu interior. Gosta de se perder nas páginas de um bom livro e nas palavras nuas dos seus colegas escritores. Numa voz esganiçada, mas terna, tantas vezes dita pela sua mãe, — Tem juízo, Joana! — tornou-se no lema a que tenta ser fiel. De voz firme e rebelde, escreve sobre variados temas, desde o empoderamento feminino, acontecimentos marcantes da sua vida, momentos íntimos de reflexão e de crescimento interior. Entre o certo e o errado, o perdido e o achado, o dito e o não dito, encontros e desencontros, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência, se a Joana tem juízo? Prefere perdê-lo. Vamos à interessante entrevista com Joana Pereira feita pelo músico, poeta e jornalista Aldo Moraes:
Aldo Moraes: Olá Joana é um prazer conversar com você especialmente para a revista D'arte. Fale um pouco da sua infância e suas primeiras relações com a literatura. *********************************************************************************** Joana Pereira: Tive uma infância bastante feliz, fui aquelas felizardas que pode brincar na rua sem quaisquer medos. O meu pai trabalhava muito para que nunca nos faltasse nada, quer a mim, quer ao meu irmão. Tenho um irmão, dez anos mais velho, que me acompanhou toda a infância e teve uma certa influência nos meus processos criativos de hoje, pois ele sempre foi ligado à arte, muito jeito para o desenho, música, etc. Claro, que também fez da minha infância um “inferno” (risos), aquelas brigas entre irmãos, saudáveis, que nos tornam mais resistentes para a vida. A minha mãe é um doce, sempre muito compreensiva, recetiva às nossas preferências e identidade. Dancei muito, brinquei muito, cantei muito, sempre rodeada de amigas sorridentes e criativas. Sempre gostei muito de ler e de escrever. Tinha os típicos diários, onde escrevia quando estava triste ou quando não sabia que namorado escolher (risos). Comecei a escrever poesia, em forma de presente para os meus familiares, nas datas festivas. Dedicava-me com todo o meu coração àquela demonstração de amor, através das palavras.
(Aldo) Como a pandemia afetou sua relação com o mundo? E como foi o início da sua criação literária? ******************************************************************************************* (Joana) Na adolescência continuei a ler, mas parei de escrever. A vida ocupou-se de mim e nem me lembrava do que era pegar num caderno, numa folha em branco e começar a escrever. A pandemia trouxe-me esse gosto novamente. Tive de parar de trabalhar, fechou tudo, o mundo parou e, aqui em Portugal, não foi diferente. Então, aproveitei esse tempo para voltar a explorar a minha escrita. Deixei, simplesmente, fluir e ir escrevendo sobre o que se passava no meu interior. A pandemia, apesar de tudo, ajudou-me a crescer, a florescer também. Através do tempo que passei a dedicar à escrita, comecei a consciencializar-me mais do que sou, aumentando o meu autoconhecimento. Abri um espaço de conexão com o meu Eu interior através da escrita. Depois de tanto escrever, pensei que seria interessante partilhar com o mundo o que me ia dentro. Criei um blog, sem saber bem que título lhe dar. Acabei por colocar uma frase que marcou toda a minha adolescência - “tem juízo, Joana!” - dizia a minha mãe, numa voz esganiçada e terna. Achei que se adequava, umas vezes com juízo, outras sem ele, comecei a escrever e a partilhar os meus textos sobre os mais variados temas que me apetecia abordar. Tenho uma especial adoração pela escrita criativa, textos reflexivos, poéticos, prosas e poesias. Passado um ano de existência do meu blog, decidi realizar um curso de escrita criativa que me abriu os horizontes, melhorou o meu vocabulário, o meu processo criativo, com aprendizagens muito gratificantes que passaram a fazer parte da minha caneta.
(Aldo) Quais autores e personalidades culturais de Portugal e pelo mundo você admira? *********************************************************************************************** (Joana) Sophia de Melo Breyner, Mia Couto, Fernando Pessoa, Lídia Jorge são algumas fontes da minha inspiração. Adoro inspirar-me na música, como por exemplo Cartola, Elis Regina, Mayra Andrade, entre outros, que com as suas poesias fazem canções fenomenais de elevada qualidade poética. Sou também fã de Elena Ferrante e de quase todos os seus livros, uma escritora italiana, com uma escrita peculiar e fora do normal. Fale um pouco do seu blog “Tem juizo, Joana” Como já referi, o meu blog chama-se “tem juízo, Joana!” e faz parte do sapo blogs. É nesse espaço que guardo todos os meus trabalhos, poemas, textos, reflexões. Partilho também muita poesia de outros autores que tive a oportunidade de conhecer neste percurso literário, que já tem 2 anos de existência. É um espaço que cuido com todo o amor, pois carrega marcos da minha evolução, do meu crescimento enquanto ser humano e escritora. Escrevo sobre feminismo, autoconhecimento, sexo, empoderamento feminino, reflexões de temas polémicos, amor, opiniões acerca de questões da atualidade, entre outros. Gosto da versatilidade e de ter a liberdade para escrever o que julgo ser importante naquele momento.
(Aldo) Como você enxerga o mundo pós pandemia e que legado você ve para o futuro? **************************************************************************************** (Joana) Neste período de pós-pandemia posso confessar ser muito mais consciente daquilo que sou e do que o mundo é, também. Noto-me mais conectada, mais presente. Permito-me mais momentos de introspeção, na expectativa de tentar ser melhor cada dia. A pandemia também me fez refletir sobre o que é realmente importante, avaliar os tesouros que transportamos connosco e que se reflete no que somos uns para os outros. O meu futuro, nem eu sei. Pretendo continuar esta caminhada junto das pessoas que partilham dos mesmos gostos que eu, das que celebram as minhas vitórias também. Então, continuando esta minha jornada literária com tanta estima e dedicação, confio que o universo saberá o que me proporcionar. Não gosto de colocar muitas expectativas, nem obrigatoriedades, para que nunca me falte o sabor delicioso de uma boa surpresa, como esta de estar aqui, por exemplo.
O meu percurso foi-me presenteando com algumas alegrias. Sou colunista na revista - caderno poético- uma revista virtual da editoria Corallina, onde sou responsável pela coluna - intercâmbio - e faço entrevistas a outros escritores e/ou artistas de Portugal ou de qualquer parte do mundo. Sou também colunista no blog do site Valletibooks, uma editora, onde todos domingos sai uma reflexão minha.
(Aldo) Joana, onde o leitor da revista pode encontrar seu trabalho? Deixe links para sites e redes sociais **************************************************************************************** (Joana) “Tem juízo, Joana!” Blog: https://temjuizojoana.blogs.sapo.pt Instagram: @temjuizo_joana https://instagram.com/temjuizo_joana?utm_medium=copy_link Facebook: https://www.facebook.com/temjuizojoana/

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