quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

POEMA SONHOS DO ANO NOVO, DE AYRTON ROCHA

SONHOS DO ANO NOVO
AYRTON ROCHA
“Sonhos”. É preciso sonhar, mas na condição de crer em nosso sonho.
De examinar com atenção a vida real. De confrontar nossa observação com nosso sonho.



De realizar escrupulosamente nossa fantasia.
Sonhos, acredite neles “(Lenin)
Hoje eu quero sonhar dentro da vida real.



Quero encontrar por aí o Caetano Veloso com toda sua “Alegria-Alegria”.
Quero ver o Gil num “domingo no Parque”, mandando “ Aquele Abraço”.
Ver Chico Buarque na pracinha vendo a “Banda Passar”.



O meu bom amigo, Maestro Tom Jobim em grande estilo esperando as “Águas de Março”.



O bom poeta Vinícius num bar de Ipanema dizendo o “Soneto da Fidelidade”.
Encontrar o Antonio Maria no bar “Rond Point” em Copacabana falando baixinho a sua “Valsa de uma Cidade”.
Abraçar o Paulinho Soledade na sua boate Zum Zum e ouvi-lo dizer que “Estão Voltando as Flores”.
Eu não quero é encontrar o Fábio Junior cantando o “Pai Herói”. Meu coração judiado não suportaria mais emoção.
Mas gostaria de cruzar na noite de Nova York com “Norman Mailler” escrevendo sobre o “Bêbado Sério”:
“Um homem de beber até que localiza a verdade. Há uma obra de arte criada na maioria dos bêbados sérios.
Beber é uma atividade séria e quem o faz está tentando acabar com uma obsessão.
Existe na vida uma trágica ironia.
Não adianta evita-la”.
Também em Nova York num Pup com piano suave pedir ao “Sinatra” que cante só para mim “Night and Day”.
Quero encontrar na madrugada do Rio o “Pedro das Flores” e confessar pra ele que “Ontem senti na lapela a alma de uma flor que eu matei” (Orlandino Rocha).
Ver o Picasso pintar “Guernica” ou escrever “Pintar é libertar-se, e isso é o essencial”.
Neruda abraçado a seus ideais dizendo seus poemas.
Mao Tse Tung falando a mais pura e profunda verdade: “O perfume das rosas não fica nas mãos de quem as recebe e sim de quem as dá".
“Van Gogh” com todas suas perturbações pintando a suavidade dos “Girassóis”.
“Portinari” retratando os tristes problemas sociais deste País.



Fernando Pessoa e suas “cartas de Amor”.
“Drummond” para suavizar nossas noites no alto das montanhas de Minas, botando no papel suas mais belas poesias.
Que bom encontrar “Guevara” lutando pelo seu ideal na ânsia da igualdade da raça humana.



Quero encontrar nas paredes do meu quarto e na suavidade de minha sala todo o sentimento e alma nas cores dos quadros do “Ayrton”, o artista que eu vi nascer.
Dizer para o “Milton Nascimento” que também guardo muito bem guardado meus amigos no meu coração.



E se eu “Puder falar com Deus”, vou agradecer todo caráter, amor e dignidade de meus filhos.



E aproveito para pedir que eu possa continuar sorrindo para meus netos.
Vou com certeza num fim de tarde encontrar “Dolores Duran” e lhe pedir a rosa mais linda que houver, porque hoje eu quero enfeitar a noite do “Meu Bem”
.

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