A Fundação Cultural Palmares (FCP), instituição vinculada ao Ministério
 da Cultura (MinC), certificou, em 2017, 133 comunidades remanescentes 
de quilombos. A certificação busca reconhecer origens e ampliar 
direitos, tornando amplo o acesso dessas comunidades a políticas 
públicas. Nos últimos 12 anos, mais de 2,5 mil comunidades foram 
certificadas.
  
 A certificação permite às 
famílias quilombolas receber a titulação do território, participar do 
Minha Casa, Minha Vida e do Programa Brasil Quilombola e habilitar-se 
para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar 
(Pronaf), entre outros programas públicos. 
  
 
Durante o processo de reconhecimento, uma equipe de técnicos da Fundação
 Palmares, composta por antropólogos e historiadores, analisa a 
comunidade que se autodeclara quilombola. Após essa etapa, é emitido um 
parecer favorável ou não à certificação da terra. O laudo da Palmares é 
somado à avaliação feita pelo Instituto Nacional de Colonização e 
Reforma Agrária (Incra), responsável pela titulação das terras.
  
 De acordo com o presidente da Palmares, Erivaldo Oliveira, a 
certificação é, sob vários aspectos, mais importante que a titulação. "A
 partir da certificação, a comunidade já passa a ter acesso a uma série 
de políticas públicas. A Bolsa Permanência, benefício voltado para 
universitários comprovadamente quilombolas, concede ajuda de R$ 900 
todos os meses para cada um dos estudantes contemplados e é um bom 
exemplo", afirmou. 
  
 O assistente social Gilson
 Cardoso, que ajudou voluntariamente três comunidades no processo de 
certificação, uma em Candiba (BA) e duas em Pindaí (BA), acredita que, 
de modo geral, as comunidades que pleiteiam a certidão de remanescente 
de quilombos o fazem com duas expectativas: a do reconhecimento de sua 
história e da melhoria nas condições de vida. "Muitas vezes, o grande 
sonho é a aquisição de uma cisterna de produção de alimentos, que é 
utilizada no plantio de legumes, frutas e hortaliças. Embora a 
certificação não seja garantia da realização desse sonho, traz novas 
possibilidades para as pequenas comunidades quilombolas", destacou.
  
 Para Rosalinda dos Santos, do quilombo de Tapuio, em Queimada Nova 
(PI), a certificação foi muito importante para a cada uma das 95 pessoas
 que moram na comunidade. "Nossa comunidade tem 200 anos de historia e, 
somente em 2006, após a certificação, começamos a ver os primeiros 
resultados com a chegada de programas como o Luz para Todos", ressaltou.
 "Essa certificação é um instrumento que nos empodera para seguirmos 
lutando pelos direitos quilombolas, pelos nossos direitos", completou. 
  
 Como pedir a certificação
  
 1. A comunidade deve possuir uma associação legalmente constituída e 
apresentar uma ata de reunião convocada para a autodefinição, aprovada 
pela maioria dos moradores, acompanhada de lista de presença devidamente
 assinada.
  
 2. Nos locais onde não existe 
associação, a comunidade deve convocar uma assembleia para deliberar 
sobre o assunto autodefinição, aprovada pela maioria de seus membros, 
acompanhada de lista de presença;
  
 3. Enviar 
esta documentação à FCP, juntamente com fotos, documentos, estudos e 
reportagens que atestem a história da comunidade e de suas manifestações
 culturais;
  
 4. Apresentação de relato sintético da história;
  
 5. Solicitar ao presidente da FCP a emissão da certidão de autodefinição.
 
FONTE: MINC