A Association for Recorded Sound Collections concedeu o ARSC GRANT 2014, ao maestro brasileiro Jorge Antunes.
O
prêmio concedido ao brasileiro, visa apoiar e prestigiar a pesquisa
intitulada “Recordings of Villa-Lobos in steel wire and paper tapes from
years 1940-1950”, desenvolvida por Jorge Antunes.
Jorge Antunes
descreve seu projeto, historiando a epopeia vivida por ele para a
conservação de um material raro e precioso por ele descoberto:
HISTÓRICO
Logo
após o golpe militar de março de 1964, os militares fecharam a UNE
(União Nacional dos Estudantes). O edifício histórico da Praia do
Flamengo 132, no Rio de Janeiro, foi fechado.
Em 1967, o
Conservatório Nacional de Canto Orfeônico (CNCO), que tinha sido fundado
por Villa-Lobos em 1942, foi transferido para o antigo edifício da UNE.
No mesmo ano fui nomeado professor do IVL.
No IVL eu encontrei
importante material: sete fitas magnéticas de papel em carretéis de
ferro e uma bobina de fio de aço, com gravações sonoras da época de
Villa-Lobos (1940-1950).
Num domingo eu estava com um aluno, no
IVL, trabalhando no estúdio, quando os grandes portões do prédio
começaram a balançar ruidosamente. Milhares de estudantes, em passeata,
queriam invadir o prédio.
Eu e o estudante imediatamente
resolvemos pular o muro dos fundos, carregando o que de mais vailioso
havia no estúdio: gravações históricas e preciosas, fitas magnéticas de
papel e uma bobina de fio magnético de aço.
Seis meses depois, em dezembro de 1968, foi promulgado o AI-5 e eu fui demitido do IVL.
Anos
mais tarde a ditadura militar invadiu o prédio da UNE, destruindo
acervos e bens do IVL. Em 1980 o prédio foi implodido e derrubado.
São
as oito raras gravações sonoras que, agora, vou recuperar e
digitalizar, graças ao prêmio que me é concedido pela ARSC (Association
for Recorded Sound Collections): as fitas de papel contêm gravações de
palestras de Villa-Lobos, seus discursos para receber visitantes, e
ensaios do coro dirigido pelo compositor. O rolo de fio de aço contém
duas obras desaparecidas de Villa-Lobos: Fantasia (1909) e Mazurka
(1901).
A identificação do conteúdo dessas gravações é possível, pela observação das anotações feitas a lápis nos respectivos estojos.
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