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terça-feira, 13 de março de 2012
ARNALDO ANTUNES, MÚLTIPLO E INQUIETO
O talento de Arnaldo Antunes é múltiplo: urbano e selvagem; romântico e inquieto; doce e titânico.
O integrante mais pop e literário dos Titãs sempre foi e se comportou como um personagem diferente na banda e produziu canções, rocks e baladas com um ingrediente a mais de concretismo e distanciamento da matéria abordada. Sempre citado como grande poeta do rock e depois poeta da MPB, ao lado de Renato Russo e Cazuza, sem dúvida compõe a trindade do rock anos 80 e se multiplicou e em trabalhos solos e em parcerias.
No disco dos Titãs (de 1984), Arnaldo assina as singelas" Pule, Demais, Seu interesse" em um trabalho ainda voltado à balada iê iê iê. Um ano depois, ainda na onda das baladas, Arnaldo e os amigos titânicos já apontavam para uma crítica à sociedade ( Televisão, Pavimentação, Não vou me adaptar) com soluções literárias criativas e mais sólidas. Neste período, estava para lançar o segundo livro "Psia", depois do aclamado "Ou e". Me lembro, ainda garoto, destes livros ( estranhos e incrivelmente atraentes à minha sede de novidade e poema visual) e dos 2 shows do grupo que vi, em Londrina, no Ginásio do Moringão.
Nascido em São Paulo, em 2 de setembro de 1960, ingressou na USP para fazer Letras e Lingüística, mas os ensaios e ensaios dos Titãs lhe impediram a continuidade do curso.
O disco Cabeça Dinossauro, de 1986 é um álbuns mais polêmicos e fortes da história do rock brasileiro com ácidas criticas à igreja, família, estado e ao sistema financeiro. Tudo em linguagem diretas, sem retoques e com uma música crua, baseada em poucos acordes e muito barulho. As faixas: Cabeça dinossauro ( com Paulo Miklos e Branco Melo), A face do destruidor ( com Paulo Miklos), Porrada ( Com Sergio Brito), Tô cansado ( Com Branco Melo), Bichos Escrotos ( Com Nando Reis e Sergio Brito), Família ( com Tony Beloto), Dividas ( com Branco Melo) e Oque dão claro sinal da contribuição de Antunes neste disco seminal do grupo e do rock anos 80.
Com a maturidade artística, os Titãs lançam em 1987, JESUS NÃO TEM DENTES NO PAIS DOS BANGUELAS, um disco ainda mais forte do ponto de vista da agressividade e que se completa ao anterior. Se no primeiro, a ficha técnica pesa a favor de Arnaldo, neste trabalho sua contribuição quantitativa é menor e de certa forma, o tempo vai apurando e mostrando sua inquietude para um leque mais amplo que o trabalho autoral de uma banda: Todo mundo quer amor, Comida (com Marcelo Fromer e Sérgio Brito), Lugar nenhum (com Fromer, Beloto, Gavin e Brito), Armas pra lutar (Melo, Fromer e Beloto) e Nome aos bois (Fromer, Beloto e Nando Reis). A poética e o estilo mais pop de OQUE, COMIDA e MISÉRIA praticamente formam uma tríade de Arnaldo dentro dos Titãs.
O disco Go Back ( ao vivo) em 1988 é um retrospecto necessário da trajetória do grupo e que se emenda ao aclamado e musicalmente bem produzido Ô BLESQ BLOOM/1989. A contribuição de Arnaldo com seus parceiros é a seguinte: Miséria (com Brito e Miklos), Racio Símio (com Fromer e Nando Reis), Medo (com Beloto), Natureza morta (com Liminha, Melo, Fromer, Brito, Miklos), O pulso (com Fromer e Beloto), Faculdade (com Melo, Fromer, Miklos e Reis) e já é um trabalho que repensa os problemas da sociedade em linguagem mais abstrata, onde a agressividade dá lugar à reflexão e à metáfora. É bastante Arnaldo Antunes esta maneira de pensar e escrever, mas é também o inicio do fim para ele dentro da banda.
Com o disco TUDO AO MESMO TEMPO AGORA (1991) cujas músicas vêm com uma assinatura coletiva, Arnaldo se despede da banda, mas não dos amigos, da música e da poesia. E embalado por novas e antigas parcerias, iria nos proporcionar novas emoções e espanto ao longo de sua carreira solo. Pois o espanto é espaço certo para a verdadeira poesia que nos ilumina com sua fé, força, amor e perplexidade. A arte de se alimentar do cotidiano e das pequenas poesias dentro da poesia, das pequenas metáforas que existem ou co-existem nas grandes lendas, ouvir a voz do povo, os ritmos que andam escondidos no meio das pedras.
Mas as aventuras solos de Arnaldo são temas para um outro artigo...
Aldo Moraes
composermoraes@hotmail.com
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Parabéns
ResponderExcluirLucas Santos