DOIS POEMAS DO NOBEL DE LITERATURA 2011, O SUECO TOMAS TRANSTRÖMER, poeta nascido em 1931 e praticamente desconhecido no Brasil.
O Casal
Apagam a luz e o globo branco brilha
um instante e, depois, dissolve-se, como um comprimido
num copo de escuridão. Depois, aumenta.
As paredes do hotel disparam para a escuridão do céu.
Os seus movimentos tornaram-se mais suaves e dormem,
mas os seus pensamentos mais secretos começam a encontrar-se
como duas cores que se encontram e escorrem juntas
sobre o papel molhado de uma pintura de um menino de escola.
Está escuro e silencioso. A cidade, contudo, aproximou-se esta noite.
Com as suas janelas desligadas. Vieram casas.
Mantêm-se juntas e muito perto, esperando,
uma multidão de gente de rostos brancos.
Tradução do inglês de Maria Catela
Depois de uma Morte
Uma vez foi um choque,
que deixou para trás uma longa e cintilante cauda de cometa.
Mantém-nos dentro de casa. Torna nevada a imagem da TV.
Aquieta-se em gotas frias sobre os fios de telefone.
Pode-se ainda ir de skis devagar sob o sol de inverno
através de arbustos onde algumas folhas se demoram.
Parecem páginas arrancadas de velhas listas telefônicas.
Nomes engolidos pelo frio.
É ainda maravilhoso sentir o coração a bater,
mas a sombra parece muitas vezes mais real que o corpo.
O samurai parece insignificante
por trás da armadura de escamas do dragão negro.
Tradução do inglês de Maria Catela
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