Anselmo Duarte ( 1920-2009)
Ainda moleque, me lembro de ter assistido ao filme O Pagador de Promessas numa sessão noturna de televisão.
Acontece que a confusão de um cara que vai pagar promessa e leva junto à igreja o seu burro e está indiferente aos apelos do padre conservador, que quer uma definição sobre para quem o fiel fez a promessa : Santa Bárbara ( no catolicismo ) ou Yansã ( no candomblé ) me baratinou a cabeça.
Achei muito interessante tudo aquilo e me cortou o coração, ver aquele homem simples sofrendo e tendo que esclarecer coisas que nem mesmo ele sabia. Mas gostei da turma fazendo coro para que o homem pudesse entrar na igreja com o burro que foi curado pela santa. Ou pelo orixá .
Mais tarde, a beleza do texto de Dias Gomes e as interpretações do filme se misturaram ao meu orgulho acerca dos prêmios que a película recebera e sobretudo a 1ª indicação do Brasil ao Oscar de filme estrangeiro. Em 1999, quando o Brasil esteve perto do Oscar com Central do Brasil ( de Walter Salles e a indicação de Fernanda Montenegro como melhor atriz ) voltou a se falar muito de Anselmo Duarte.
Mas... Como muitos colaboradores da ALMA BRASILEIRA ou BRASILIDADE, e as quais poderíamos reivindicar com mais ânimo dos nossos governantes, Anselmo Duarte estava esquecido. Jogado num canto da esquecida e doente memória nacional.
E agora com sua morte, se volta a falar momentaneamente do ator, o cineasta e o visionário que foi ...
Mas como o Zé do burro ( da peça e do filme ) Anselmo Duarte e sua obra está aí, teimosa e valorosa que é, a nos dar um tapa na cara da indiferença ...
Salve Anselmo Duarte e o cinema brasileiro !
Aldo Moraes
composermoraes@hotmail.com
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