Morreu no Rio, aos 75 anos, o cineasta Paulo Thiago. Bom coração, idealista, patriota. Assim é Policarpo Quaresma, o anti-herói criado pelo escritor Lima Barreto, com muita ironia. Transportar personagens fascinantes da literatura brasileira para o cinema é uma arte que Paulo Thiago aperfeiçoou: “Quando leio às vezes uma história, me bate e eu sinto que dá um filme”.
Ele fez um documentário sobre a obra de Carlos Drummond de Andrade e um filme baseado no poema “O Vestido”: “Eu escolhi justamente filmar esse poema porque é uma história profundamente latina, profundamente brasileira. Essa coisa do amor, da paixão e a forma como nós nos relacionamos com esses sentimentos”.
Inspirado por uma reportagem, dirigiu o longa "Orquestra das crianças". “Muito inteligente, sabia tudo sobre o cinema. Amava o ator. Você fazia uma cena, eu lembro disso, em várias vezes, fazer uma cena e ele sair gritando, entusiasmado, feliz. Era um cara que vibrava com o ator”, conta o ator Murilo Rosa.
No documentário "Coisa mais linda", contou a história da bossa nova. “O Thiago foi um grande amigo que tive chance de dar aula de violão para ele, participei do filme que ele fez, ‘Coisa mais linda’. Melhor documentário sobre bossa nova”, diz o músico Roberto Menescal.
Paulo Thiago estudou economia e sociologia, mas mudou os planos de carreira quando se apaixonou pelo cinema nos anos 1960, frequentando as sessões da cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Foi presidente do sindicato da indústria cinematográfica e audiovisual do Rio de Janeiro e um dos fundadores da Associação Brasileira dos Cineastas.
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