O lançamento contou com a presença de mulheres que viveram na Penitenciária Feminina da Capital e são autoras do livro; entre mais de mil textos produzidos, 101 foram selecionados para a obra

às negras, às brancas ou às pardas
– se bem que pardo é um papel
A todas que viram e lembraram que, por fim,
é só rodar a baiana
e tirar o pijama
pular da cama
porque a caminhada quem faz
é nós”
Jaqueline Ferreira fez dessa dedicatória seu poema: à baiana, à paulista e à mineira. Para todas as mulheres que enfrentam barreiras diariamente, seja para vencer a fome, a violência ou o machismo. A jovem de 23 anos é uma das autoras do livro Mulheres Poetas: Penitenciária Feminina da Capital, lançado na Biblioteca Mário de Andrade, na última quinta (25/7), que reúne os poemas frutos do sarau Asas Abertas.
O sarau acontece todas as quartas-feiras na capela da PFC (Penitenciária Feminina da Capital), localizada na zona norte de SP, e é organizado pelo Coletivo Poetas do Tietê.
Após passar 1 ano e 3 meses na PFC, Jaqueline, em liberdade, se orgulha de estudar Direito no Centro Universitário Central Paulista (UNICEP), em São Carlos, interior de São Paulo: “Faço direito porque já fiz muito errado e agora não me calo”. A jovem, que sempre nutriu o desejo de publicar um livro, escreve desde os 15 anos e conta que sua paixão por poesias começou cedo quando, na quinta série, ganhou de uma professora de português sua primeira antologia.

Os principais temas abordados pelas mulheres nos poemas são saudade e perdão. “Nos poemas, eu peço pra elas enfrentarem seus medos, suas certezas, escreverem sobre isso. Nossa pegada é essa questão da autoestima através da poesia”, explica Jaime. Ele brinca que “se aqui fora, as pessoas tivessem a vontade de ler como tem lá dentro, nós seríamos o primeiro país do mundo em leitura”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário