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quinta-feira, 13 de setembro de 2018
MÚSICA BRASILEIRA PERDE CECÍLIA CONDE
O
Conservatório Brasileiro de Música, fundado em 1936, ocupa dois andares
de um edifício de escritórios na Rua Graça Aranha, Centro do Rio de
Janeiro. Nesse ambiente de salas de aula e ensaio, a carioca
Cecília Conde estudou canto e piano e passou a maior parte de sua vida.
Educadora por excelência, faleceu aos 86 anos nessa terça-feira, dia 11
de setembro.
Cecilia era filha e sobrinha de fundadores da instituição,
respectivamente da cantora Amália Fernandez Conde e do compositor Oscar
Lorenzo Fernandez. Saiu do comando do CBM há poucos anos, quando a
instituição mudou de mãos. Criadora do curso de Musicologia e da
pós-graduação no Conservatório, também foi compositora de “ambientações
cênicas” em tempos de teatro de vanguarda. Escreveu, nas décadas de 1960
e 1970, trilha para dezenas de espetáculos teatrais e cinco filmes. Das
peças, começou pelos infantis de Ilo Krugli e fez a música de montagens
marcantes do Teatro Ipanema, como O Arquiteto e o Imperador da Assíria, de Fernando Arrabal, dirigido por Ivan de Albuquerque, 1970; Hoje É Dia de Rock, de José Vicente, 1971, e A China é Azul, de José Wilker.
Irmã do ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde, Cecília participou
intensamente da vida musical do país em muitas ações institucionais,
conselhos e consultorias. Na rede social, o compositor Ronaldo Miranda
pontua: “Cecília devotou sua vida à música. Além do talento próprio –
como pesquisadora, educadora e compositora – Cecília se destacou por sua
enorme capacidade de ter ajudado – ao longo de sua vida – uma plêiade
de músicos brasileiros, entre os quais me incluo”.
Ela ocupava a cadeira n° 3 da Academia Brasileira de Música, que
havia sido de Bidu Sayão. O presidente da ABM, João Guilherme Ripper,
também ressaltou a capacidade formadora de Cecília: “Grande
incentivadora de carreiras, e me incluo nisso. Também foi quem me
proporcionou a chance de um trabalho de longo prazo na Sala Cecília
Meireles ao aconselhar ao irmão, então Secretário de Cultura, que me
mantivesse no posto em 2007”.
Em entrevista ao Projeto Tear,
ela lembra a luta pela educação musical nas escolas e entrelaça com
firmeza arte e educação, retrato de sua própria ação: “A educação
desvinculada da arte não marca, não dá o insight. A arte permite você
estar aberto a outras formas de pensar e de sentir. Você trabalha com a
inteligência sensível, isso é fundamental na educação. (...) Não é só
lazer e entretenimento. Ela é realmente a vida. A arte é você estar
respirando”.
Cecília Conde, que estava hospitalizada para uma intervenção
ortopédica, teve uma parada cardiorrespiratória na noite de terça. O
velório acontece na Sala Cecília Meireles, sexta, dia 14, das 10h às
14h, seguido pelo sepultamento no Cemitério São João Batista, no Rio de
Janeiro. Cecília Conde [foto: Acervo de família]
TEXTO: Luciana Medeiros
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