"Quem melhor descreveu e avaliou os letristas parceiros de Milton
Nascimento foi Chico Amaral. E quem mais profundamente representou o
espírito captado por Chico foi Fernando Brant.
Eu amava Brant nos
detalhes: conversa ao mesmo tempo encantada e desmistificadora, nisso
muito mineira, em volta de copos de cerveja; a
graça da observação; o profundo anti-formalismo dos versos. Mais
recentemente estivemos em lados opostos de disputa sobre coisas grandes.
Procurei gerar uma área de diálogo. Ele topou. Mas a harmonia não podia
se dar. Para mim, que não entendo muito bem as questões que estavam em
pauta, só um artigo contra Gil ministro (que conheci tardiamente)
pareceu incômodo: exibia uma agressividade que eu desconhecia. Mas mesmo
ali, lembrei que quando você se torna ministro as palavras que lhe
serão dirigidas ganham direito de ser mais ásperas.
Soube hoje ao
acordar que Fernando morreu. Fiquei triste. Não sabia que ele estava
doente. E sinto necessidade de externar meu carinho e a admiração pela
sua personalidade e pela sua obra."
Nenhum comentário:
Postar um comentário