A Revolta dos Malês foi um movimento que
ocorreu na cidade de Salvador (província da Bahia) entre os dias 25 e
27 de janeiro de 1835. Os principais personagens desta revolta foram os
negros islâmicos que exerciam atividades livres, conhecidos como negros
de ganho (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros).
Apesar de livres, sofriam muita discriminação por serem negros e
seguidores do islamismo. Em função destas condições, encontravam muitas
dificuldades para ascender socialmente.
Causas e objetivos da revolta
Os revoltosos, cerca de 1500, estavam
muito insatisfeitos com a escravidão africana, a imposição do
catolicismo e com a preconceito contra os negros. Portanto, tinham como
objetivo principal à libertação dos escravos. Queriam também acabar com o
catolicismo (religião imposta aos africanos desde o momento em que
chegavam ao Brasil), o confisco dos bens dos brancos e mulatos e a
implantação de uma república islâmica.
Desenvolvimento da revolta
De acordo com o plano, os revoltosos
sairiam do bairro de Vitória (Salvador) e se reuniriam com outros malês
vindos de outras regiões da cidade. Invadiriam os engenhos de açúcar e
libertariam os escravos. Arrecadaram dinheiro e compraram armas para os
combates. O plano do movimento foi todo escrito em árabe.
Fim da revolta
Uma mulher contou o plano da revolta
para um Juiz de Paz de Salvador. Os soldados das forças oficiais
conseguiram reprimir a revolta. Bem preparados e armados, os soldados
cercaram os revoltosos na região da Água dos Meninos. Violentos combates
aconteceram. No conflito morreram sete soldados e setenta revoltosos.
Cerca de 200 integrantes da revolta foram presos pelas forças oficiais.
Todos foram julgados pelos tribunais. Os líderes foram condenados a pena
de morte e fuzilados em 14 de maio de 1835. Os outros revoltosos foram condenados a trabalhos forçados,
açoites e degredo (enviados para a África).
O governo local, para evitar outras
revoltas do tipo, decretou leis proibindo a circulação de muçulmanos no
período da noite bem como a prática de suas cerimônias religiosas.
Curiosidade:
- O termo “malê” é de origem africana (ioruba) e significa “o muçulmano”.
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