Foram chamados de “pianeiros”
os primeiros pianistas populares do Brasil, que atuaram especialmente nos fins
do século XIX e início do século XX. Neste leque de grandes músicos da época,
alguns nomes praticamente inauguraram o jeito brasileiro de tocar piano,
registrado em obras de conhecidos, como Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth,
como também pelas peças de J.J.Barata, Misael Domingues e Joaquim Antônio
Callado, dentre outros. Através de
um trabalho de pesquisa meticuloso, o pianista Luiz Eduardo Domingues reuniu no
seu primeiro CD ,“Os Pianeiros” (A Casa Discos), peças raras desse período da
história da música brasileira, com a produção do compositor e produtor Sergio
Roberto de Oliveira - indicado ao Grammy Latino em música clássica nos dois
últimos anos -, a ser lançado no dia 12 de julho, sexta-feira, às 19:30h, no
Centro de Referência da Música Carioca, na Tijuca.
O disco, uma homenagem a
Ernesto Nazareth neste ano em que comemoramos os 150 anos do seu nascimento,
traz, de quebra, oito de suas composições. Autor de uma obra tanto bela quanto
original e predominantemente pianística que soma 214 composições entre tangos,
valsas, polcas, sambas e muitos outros, o músico carioca é lembrado nos sambas
“Arrojado” (1921) e “Comigo é na madeira” (1929), na valsa-lenta “Turbilhão de
beijos” (1911), na valsa-capricho “Elegantíssima” (1926) e nos tangos “Maly”
(1920), “Batuque” (iniciado em 1901 e publicado em 1913) e “Tango-Habanera” (de
1929, no ano seguinte foi transformado no samba carnavalesco “Crises em penca!”,
com letra do próprio autor).
Outro nome de destaque da
época, Francisca Edwiges Neves Gonzaga, nascida no Rio de Janeiro em 1847, surge
aqui em quatro peças magistralmente interpretadas por Luiz Eduardo: a polca
“Atrahente” (1877), “Maxixe de Carrapatoso e Zé Povinho” (1896), a valsa
sentimental “Plangente” (1877) e o tango brasileiro “Gaúcho” (1895). Pianeira
típica e frequentadora da vida boêmia carioca, Chiquinha Gonzaga escreveu obras
para piano e música para o teatro de revista e fez parte de grupos que se
exibiam em confeitarias e casas de chá da cidade, falecendo em
1935.
Amigo e incentivador de
Chiquinha Gonzaga, o compositor e flautista Joaquim Callado, considerado um dos
pais do choro, ganha belíssimas releituras do pianista através de suas polcas
“Como é bom” (1875) e “A flor amorosa” (de 1880, a peça foi colocada à venda 11
dias após a sua morte). O flautista frequententemente se apresentava acompanhado
de um conjunto instrumental formado por dois violões e um cavaquinho, que ficou
conhecido na época como “O choro do Callado”.
Outros dois expoentes que
escreveram obras para o piano popular brasileiro da época ganham registro na
seleção de “Os Pianeiros”. Com uma obra que abrange quadrilhas, polcas, valsas e
outros gêneros de salão, o alagoano Misael Domingues, nascido em 1857, é
lembrado aqui por sua polca “Brazileira”, escrita entre 1878 e 1885. O músico,
que morreu em Recife em 1932. foi também pintor, engenheiro civil e professor de
matemática. Já J.J.Barata, cujas obras encontradas no acervo da Biblioteca
Nacional datam das décadas de 1880 e 1890, é representado pela polca “Eu sou
bahianinha”.
Luiz Eduardo
Domingues
Carioca, nascido a 11 de julho
de 1966, iniciou seus estudos de piano aos 11 anos de idade. Teve como
principais orientadores Esther Nisembaum, Miguel Scebba, Sílvio Merhy e Myrian
Dauelsberg. Também contribuíram decisivamente para sua formação os professores
Esther Naiberger, Salomea Gandelman e Homero Magalhães.
Possui os títulos de Bacharel
em Piano pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, Mestre
em Música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e Doutor em Música
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.
É, desde 1994, professor da
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, onde leciona as
disciplinas Piano e Harmonia. Tem pesquisas desenvolvidas sobre a obra para
piano de C. Guerra-Peixe e M. Camargo Guarnieri.
Foi premiado em vários
concursos de piano nacionais. Apresentou-se com as Orquestras Sinfônica de Porto
Alegre – OSPA e Sinfônica do Estado de São Paulo – OSESP. Vem atuando
regularmente como pianista solista e camerista. Entre seus trabalhos mais
significativos como camerista estão o Duo Passuni-Domingues, com o violinista
Daniel Passuni (OSB) e o Duo Selene com a pianista Lúcia Barrenechea
(UNIRIO).
SERVIÇO:
12/07 - Recital e lançamento
do CD "Os Pianeiros”, por Luiz Eduardo Domingues
Centro de Referência da Música
Carioca
Endereço: Rua Conde de Bonfim,
824 - Tijuca –RJ
Horário:
19:30h
Ingresso: R$10 reais
(inteira), R$5 (meia)
Informações: 21-3238-3880
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