quinta-feira, 12 de abril de 2012

10 ARTISTAS BRASILEIROS: ANTONIO DE DEDÉ


O BLOG ARTE BRASIL REPERCUTE A VIDA E OBRA DOS 10 ARTISTAS ENFOCADOS NA EXPOSIÇÃO ”TEIMOSIA DA IMAGINAÇÃO”, DO INSTITUTO TOMIE OTHAKE.
10 ARTISTAS CUJAS CONTRIBUIÇÕES AO UNIVERSO DA CULTURA POPULAR SÃO IMENSO E QUE JÁ CONSTITUEM PARTE VALOROSA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO.

[Antonio Alves do Santos]
1953, Lagoa da Canoa - AL

De sorriso fácil e munido do inseparável chapéu, é o mais velho de cinco irmãos. Começou a acompanhar o pai no trabalho de carpintaria e roçado das fazendas da região aos oito anos de idade. Devia auxiliar a garantir o sustento da família. Desde então se divide em diversos ofícios num local onde as poucas oportunidades de trabalho surgem de acordo com as sazonalidades do ano. Daí afirmar com frequência: “o homem que vive de uma arte só está morto.”

Quando jovem, para se divertir, assistia às festas de guerreiro e reisado, manifestações tradicionais alagoanas. Além disso, frequentava os bailes da região. Gostava de dançar. Hoje não mais. A esposa e companheira de mais de 30 anos de vida conjugal, “seguiu a viagem” a cerca de quatro anos, deixando saudades. Pai zeloso, tem como principal preocupação o futuro dos seus. A família é extensa. Nove filhos. O mais velho, 32 anos, a mais nova, nove. Os filhos já começaram a assumir suas vidas, casar, sair de casa e a trazer os primeiros netos.

Dedé atribui sua habilidade escultórica à um “dom da natureza”. Algo que veio a tona a partir do olhar e vontade de recriar a seu modo o trabalho do pai. Uma dádiva recebida geracionalmente e que hoje transmite a seus filhos.

Começou a fazer suas primeiras “traquinagens”, como diz, também aos oito anos. Carrinhos e aviões de madeira e/ou lata eram o repertorio preferido. Logo surgiram os primeiros interessados, as outras crianças, encantadas com os brinquedos. Aprimorou sua técnica, ampliou seu leque de personagens que deixava expostos na estante de sua casa. Forma de mostrar seu trabalho aos passantes que podiam vê-los pela fresta da porta.



Seu nome começou a circular localmente como um “fazedor de bonecos”. Com essa repercussão local surgiram as primeiras, porém esporádicas encomendas, oriundas sobretudo das “casas de mãe de santo”. Há pouco mais de três anos, no entanto, afirma ter sido “descoberto”.

Tal descoberta refere-se à chegada de compradores externos e ligados ao universo da arte popular que começaram a adquirir e divulgar o seu trabalho numa escala nacional. Desde então seu trabalho, e mais recentemente o de sua família, vem se destacando nessa seara pelas formas, sentidos e alto grau inventivo.

“Expressões na madeira - Família Antônio de Dedé” - Catálogo Museu de Folclore Edison Carneiro

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